Bispo de Díli apela à calma

O Bispo timorense fez um apelo à pacificação de todos os timorenses receando que os resultados do inquérito à violência, que se verificou no país em Abril e Maio deste ano e que resultou na morte de pelo menos 21 pessoas, venham a criar uma nova vaga de violência. A divulgação das investigações estava prevista para o dia 8 de Outubro, mas o relatório da comissão está ainda a ser traduzido para Indonésio, Português e Tétum, as línguas faladas em Timor-Leste. Monsenhor Ricardo da Silva acrescentou que os resultados deste inquérito serão provavelmente duros para alguns líderes, instituições e para a sociedade civil, mas considera que devem ser aceites como forma de restabelecer os direitos humanos e a justiça em Timor-Leste. “Pediria a todos os timorenses para aceitarem os resultados sem violência”, apelou o Bispo de Díli. A Comissão Internacional Independente de Inquérito foi formada em Junho a pedido do então Ministro dos Negócios Estrangeiros, José Ramos-Horta (agora Primeiro Ministro). Esta comissão tem a missão de apurar os factos que estiveram na origem das manifestações dos militares que foram demitidos das Forças Armadas e dos episódios de violência que se sucederam a estas manifestações. Serão também feitas recomendações para que os responsáveis sejam levados a tribunal. Em declarações à agência UCA News, um advogado da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Dili, disse também recear as reacções à divulgação do relatório, pedindo ao Governo que garanta a segurança: “Existe uma grande possibilidade de que venha a ocorrer mais violência. Pode haver alguns grupos que não fiquem satisfeitos com os resultados e que venham a realizar protestos violentos”. Na opinião do Padre José Soares, da Catedral de Díli, o grande problema estará entre os militares. “Se alguns oficiais foram responsabilizados, espero que possam aceitar essa responsabilidade. Senão poderão fugir com os seus subordinados e começar uma nova guerra de guerrilha que irá colocar em perigo a nação”, comentou o sacerdote à mesma agência. O sacerdote considera que os partidos políticos poderão ser também uma fonte de instabilidade se os seus líderes forem citados no relatório, mas manifestou a sua esperança de que os líderes partidários tenham maturidade política para assumir responsabilidade na crise que abalou Timor-Leste.

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