Congresso diocesano de Pastoral Sócio-Caritativa decorre em Torres Vedras
Lisboa, 15 mai 2021 (Ecclesia) – D. Américo Aguiar apelou hoje a respostas sociais concretizadas em rede, evitando criar “concorrência”, e destacou a importância de se conhecerem as acções desenvolvidas em todas as instituições e paróquias do Patriarcado de Lisboa.
“Temos de ter consciência que o orgulhosamente sós não nos leva a lado nenhum. Se a paróquia ao lado tem a valência X eu não devo ter, ou podemos partilhá-la. Ser capaz de, no território, espalhar valências para que o objetivo das necessidades do terreno se cumpram e não os objetivos da direção da instituição”, afirmou o bispo auxiliar de Lisboa no início do Congresso diocesano de Pastoral Sócio-Caritativa, que decorre em Torres Vedras.
No início do encontro, D. Américo Aguiar quis traçar os atores e as ações da pastoral caritativa do Patriarcado mas afirmou que das 284 paróquias que questionaram, as respostas foram poucas.
“Das 284 paróquias muitas têm ação caritativa organizada, centros sociais. Recebemos respostas de «não temos», mas isso não é verdade, e se fosse, seria grave. Mas não é uma fotografia verdadeira e justa para o que acontece no Patriarcado”, reconheceu.
O bispo auxiliar de Lisboa explicou que os inquéritos revelaram cerca de sete mil voluntários, mas indicou que também este número está aquém da realidade.
O responsável lamentou a “falta de oxigénio” das instituições para enfrentar as despesas, em área “não mediáticas” como o acompanhamento os idosos, “em higiene, em cuidado”.
“Ao olhar para o futuro haverá muita necessidade de responder ao estado de vida dos irmãos e irmãs. Eu fiquei perplexo ao saber que a nossa resposta a esta franja anda à volta dos 6%. Há muita procura e necessidade. O número de resposta é muito reduzido. Quando abraçamos estas oportunidades de construir edifícios, aumentar valências, porque sim, temos de ter consciência que não o podemos fazer, por muita que seja a pressão dos ciclos eleitorais autárquicos – nesta altura tudo é fácil, promovível”, sublinhou.
“Temos cerca de 15 mil profissionais nesta área da pastoral sócio-caritativa: o que significa de emprego, de encargos das instituições para responderem às expetativas dos trabalhadores, à dignidade e retribuição do trabalho”, afirmou.
“Precisamos de saber o valor dos encargos totais. A Igreja faz caridade mas temos de saber dizer os números os encargos, que não são cobertos pelo apoio do Estado e as instituições têm de inventar para o cobrir o deficit. E nós temos de o saber. Temos de saber o terreno em que pisamos. Precisamos olhar com naturalidade a partilha da informação”, acrescentou.
D. Américo Aguiar criticou a “navegação arriscada”, respondendo a “gritos pontuais”.
“Quando se abrem financiamento europeus, é uma corrida, para aumentar valências, não porque é preciso, mas porque há dinheiro. Estamos por isso carregados de rotundas”, lamentou.
O Congresso diocesano pastoral sócio-caritativa decorre hoje em Torres Vedras que Manuel Girão, diretor do Departamento da Pastoral Socio-Caritativa e do Sector da Pastoral Social do patriarcado de Lisboa, definiu como um “ponto de partrida”.
“Este é o tempo de passar do «eu» ao «nós». Vamos congregar esforços, partilhar experiências e boas praticas, chegar onde as estruturas formais tantas vezes não conseguem chegar, mas potenciar todas”, afirmou no início dos trabalhos.
LS