Dinamismos da Nova Evangelização

Actualmente é pároco no centro de Lisboa. Foi um dos dinamizadores da sessão de Lisboa do ICNE. Um ano depois, é possível fazer balanços. Agência ECCLESIA (AE) – Passado um ano do Congresso Internacional para a Nova Evangelização (ICNE) realizado em Lisboa ainda se nota o “fogo” de Cristo Vivo? Pe. Paulo Araújo (PA) – Nas paróquias que frequento mais, noto que o “fogo” não tem a mesma intensidade. Mas vai fazendo as coisas “de mansinho”. Não é tanto de paixões mas é um amor profundo que ficou. AE – Concretamente, que marcas deixou o ICNE? PA – Deixou uma consciência crescente nas comunidades: a missão é algo que pertence a todos os cristãos independentemente das idades e dos meios sociais. Mais do que uma consciência, é um procurar estar atento às necessidades do anúncio do Evangelho. Isso ficou em muitas comunidades paroquiais. AE – Temos também comunidades que esqueceram este espírito? PA – Sim. Aquelas que estiveram menos envolvidas e menos mobilizadas durante o congresso. Se não tiveram o “fogo” antes e na altura, agora isso reflecte-se. AE – Os cristãos de Lisboa vieram para a rua anunciar a Boa Nova. Conhece casos de conversões? PA – Bastantes. Tanto na altura do congresso como no pós congresso. Muitas pessoas reaproximaram-se das comunidades paroquiais e de grupos. Apesar de ser difícil contabilizar o número das pessoas que vieram. AE – Marcas deixadas pelos evangeliza-dores de rua? PA – Uma das coisas que verificámos é que existem muitas pessoas que deixaram de praticar porque perderam as referências com as comunidades. Como é que as pessoas podem ir à igreja se não sabem onde fica a igreja? Estes casos aconteceram… Se não viermos para a rua fazermos a ligação entre esta e a Igreja, muitas pessoas perdem-se. AE – O ICNE de Lisboa trouxe também estas memórias históricas: a Igreja está no centro do aglomerado populacional. PA – Foi um dos aspectos fundamentais. As próprias comunidades paroquiais saíram ao encontro das pessoas e trouxeram esta visibilidade. As pessoas reparam nos fluxos de participantes, que saiem ou entram nas missas dominicais, mas não existe uma abordagem em relação àqueles que estão do lado de fora. Cheguei a perguntar a algumas pessoas onde ficava a Igreja e elas não sabiam responder. AE – Então o ICNE de Lisboa trouxe novas dinâmicas pastorais? PA – Foi um dos frutos desta grande actividade. Sem esquecer que as comunidades têm o seu ritmo. O ICNE trouxe-nos a consciência que os cristãos precisam de sair e criar uma dinâmica de ir ao encontro dos outros. AE – Foi apenas há um ano mas já existe algum saudosismo daquelas actividades mobilizadoras? PA – Não sei se podemos falar de saudosismo, mas as pessoas recordam a vitalidade daquelas actividades. AE – Essa vitalidade trouxe um aumento significativo na prática dominical? PA – Não se pode contabilizar. Mas sei que houve o regresso de algumas pessoas às comunidades. E aparecem também pessoas novas. Neste momento, na paróquia de Arroios, tenho pessoas que vieram pedir o Baptismo depois de um ano de acompanhamento pós ICNE. AE – A evangelização de rua poderá ser uma aposta para o futuro? PA – Não devemos utilizar a expressão “poderá”. Mas ter isto como um imperativo. É fundamental que as comunidades saiam do espaço físico igreja para irem ao encontro das pessoas. Numa reunião que teve com os vigários, D. José Policar-po dizia que é necessário criar espaços de anúncio gratuitos. Aí, o Evangelho é anunciado gratuitamente na rua. É preciso desafiar as pessoas a entrar na igreja. AE – É necessário alguém que as faça parar? PA – Que as faça parar e também ajude a reflectir um pouco. Se isso não acontecer as pessoas continuam neste ritmo acelerado.

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