Movimentos pró vida ainda sem estratégia

Referendo sobre o aborto Os chamados movimentos pró vida, que contestam a legalização da interrupção voluntária da gravidez, só vão definir uma estratégia para o referendo sobre o aborto depois da decisão final sobre a realização da consulta popular, foi ontem anunciado. Isilda Pegado, presidente da Federação Portuguesa da Defesa da Vida, disse, em Fátima, que «não há ainda uma estratégia» definida face ao referendo cuja realização vai ser discutida no próximo dia 19 de Outubro no Parlamento, «uma vez que não se sabe ainda se vai haver referendo ou não». «Até estar aprovada a sua realização, não haverá uma estratégia. É preciso bom senso e respeito pelas instituições», disse Isilda Pegado aos jornalistas, acrescentando que, após a decisão da Assembleia da República, haverá ainda que contar com a palavra do Presidente da República e do Tribunal Constitucional. Para a presidente da Federação Portuguesa da Defesa da Vida, que ontem participou nos trabalhos finais do Congresso Internacional de Oração pela Vida, os movimentos serão «livres de fazerem a campanha que entenderem», embora estejam activos desde há oito anos e não apenas quando a possibilidade de realização do referendo sobre o aborto está em discussão. «O problema fundamental é o das mulheres que querem ter os seus filhos e não têm condições», disse Isilda Pegado, apontando esta área como aquela onde os movimentos pró vida têm tido intervenção. Quanto à sua participação no congresso, Isilda Pegado aproveitou para alertar para a «mentalidade que, a nível mundial, está a ser trazida para a sociedade e que é contra a cultura da vida e a favor da cultura da morte». Em defesa de uma «cultura da vida» manifestou- se, também, o responsável nacional pela Pastoral da Saúde, monsenhor Vítor Feytor Pinto, para quem «cada homem e cada mulher se deve assumir como construtor da vida» e não como «manipulador» dessa mesma vida. Com a participação de cerca de 300 pessoas, de mais de três dezenas de países, o Congresso Internacional de Oração pela Vida foi organizado pelo Apostolado Mundial de Fátima e culminou com a realização, ontem, do Dia Mundial de Oração pela Vida. O presidente internacional do Apostolado Mundial de Fátima, Américo López-Ortiz, fez questão de sublinhar que em causa não está apenas o aborto, mas também outras situações, como a eutanásia. No entanto, e tendo em conta a aproximação da data de discussão no Parlamento da proposta de realização de um referendo sobre o aborto, López- -Ortiz apelou para que «o povo português se empenhe activamente contra o aborto, para vincar a sua personalidade católica», e defendeu que a sociedade portuguesa «não deve vergar-se» aos exemplos «de outros países que vivem crises morais». No final do Congresso, que decorreu em Fátima desde quarta-feira, foram distribuídos aos participantes terços que, segundo a organização, foram fabricados por mulheres que ponderaram recorrer ao aborto e não o fizeram, bem como pequenos bonecos plásticos representando fetos.

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