Cristo com os jovens: Os Jovens com Cristo

Carta do arcebispo de Évora 1. O ano pastoral diocesano de 2006-2007, que ora começa, vai ser dedicado à pastoral juvenil. Os jovens estarão assim no centro das atenções da comunidade diocesana. Significativamente, é um plano que se segue ao plano pastoral sobre a família, que se desenrolou ao longo dos últimos três anos. Com efeito, as relações entre o sector juvenil e o sector familiar são evidentes. A família continua a deter uma importância educativa decisiva na vossa fase etária; e, por outro lado, se quisermos garantir comunidades eclesiais sólidas para o futuro, é necessário preparar os jovens para que assumam amanhã as suas responsabilidades, no campo familiar e em outros campos na vida da Igreja e da Sociedade. A Responsabilidade Dos Jovens Num Projecto Comunitário 2. Toda a Arquidiocese é chamada a colaborar activamente naquele projecto: haverá instâncias e pessoas que assumirão nele particulares responsabilidades. Destacamos, entre outros, o departamento diocesano da pastoral juvenil, os párocos, os dirigentes de associações e movimentos juvenis. Mas convém sublinhar que um projecto juvenil não se poderá concretizar, se não houver uma colaboração efectiva dos próprios jovens. Foi por isso que resolvi dirigir-vos, caros jovens da Arquidiocese, a presente carta. Faço-o, como podereis calcular, com imensa alegria. Vós sois a geração juvenil do início do novo milénio. Deixastes a idade de adolescência e, preparais-vos para viver a idade adulta. Sonhais já com o dia em que iniciareis a vossa profissão, mas sobretudo sonhais com o dia do vosso matrimónio, daquele passo decisivo para constituirdes a vossa família. Para alguns de vós, este será o tempo de fazer o discernimento sobre uma vida de consagração a Deus e aos homens, como padres, religiosos ou leigos comprometidos com o Evangelho. A todos me dirijo, qualquer que seja o vosso percurso, com especiais sentimentos de amizade e comunhão. Na maioria, nascestes quando eu já havia iniciado o ministério episcopal em Évora. Vi-vos crescer nas paróquias e nos grupos apostólicos juvenis. Visitei-vos nas escolas; estive convosco nos encontros diocesanos e nas mais diversas circunstâncias. Alguns dos mais antigos, já constituíram mesmo família e encontram-se na vida profissional. Não os quero deixar sem uma palavra do maior apreço e esperança, embora esta carta seja dirigida a vós, que ainda viveis a idade promissora da juventude. 3. A vossa situação perante a fé e a Igreja é, naturalmente, diversa de uns para os outros. As experiências vividas, quer do ponto de vista pessoal e familiar, quer do ponto de vista eclesial e social, terão contribuído para que tenhais uma atitude diversificada perante a fé. Como me é grato recordar aqueles e aquelas que estão empenhados como catequistas e em actividades litúrgicas e sócio-caritativas! Como não lembrar os numerosos jovens dos grupos paroquiais, dos movimentos apostólicos e das aulas de educação moral e religiosa católica! Alguns passaram por crises de fé – tão naturais na época do crescimento – e distanciaram-se da prática da vida cristã. A verdade, porém, é que, na grande maioria, sois jovens cristãos, porque fostes baptizados. Boa parte fez a primeira comunhão e recebeu o sacramento da confirmação. Ao Encontro De Jesus Cristo Na Igreja 4. É objectivo deste projecto pastoral 2006-2007 promover um especial encontro dos jovens com Jesus Cristo e com a Igreja que Ele fundou, ou seja, como o povo dos seus discípulos. Um encontro que vem responder a inquietações, a anseios, a interrogações e projectos que trazeis dentro de vós e que dizem respeito ao vosso legítimo desejo de felicidade e realização pessoal. Foi esta aspiração que certo jovem manifestou, um dia, a Jesus, ao perguntar-lhe, quando se cruzaram no caminho: “Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?” (Mc.10,17). O que estava fundamentalmente em causa era a vida e a felicidade daquele jovem. A resposta que Jesus dá às profundas aspirações dos jovens, a proposta que Ele continua a fazer, tem o mérito de ter sido já vivenciada com sucesso por muitos jovens de hoje como de ontem. Um sucesso que se exprime na alegria sincera, numa paz radiante, numa conduta digna. O tempo da juventude não pode ser um período vazio, um tempo alheio à fé. Pelo contrário, deve ser o tempo duma renovada experiência e afirmação da fé. Tempo de inquietantes interrogações, mas de respostas tranquilizadoras; tempo de apelos e de compromissos generosos no campo da justiça e da solidariedade, tempo de decisões de longo alcance. Realidades humanas como a família, o amor e a sexualidade não podem deixar de estar presentes na vida de fé dos jovens. Estes, na sua reflexão pessoal, nos trabalhos de grupo, nos encontros comunitários irão buscar à mensagem de Jesus Cristo, luz e força interior para formar personalidades humanas e cristãs sólidas, esclarecidas e comprometidas. 5. Quando se fala em pastoral dos jovens, estamos a pensar em tudo isto. A fé cristã, a adesão pessoal a Jesus Cristo na Igreja, deve manifestar-se e resplandecer no mundo dos jovens. Com a colaboração indispensável deles e com a participação efectiva das próprias famílias e comunidades, é necessário levar cada nova geração que vive o admirável tempo da juventude, a dar testemunho da sua fé. Uma fé no sentido integral, que é vida em Jesus Cristo; uma fé esclarecida pela Palavra de Deus e vivida na comunhão eclesial; uma fé alimentada na Eucaristia e renovada pelo Sacramento da Reconciliação; uma fé expressa no comportamento individual e social e no empenhamento em favor do próximo, em especial dos que mais necessitam. Uma fé assim corresponde aos sentimentos e aspirações dos jovens, que por natureza, são atraídos pela esperança, pela alegria e pelo entusiasmo. Para atingir tão altos objectivos, torna-se imprescindível utilizar os meios adequados. Sublinhamos alguns: em primeiro lugar os de ordem humana e pessoal, como a formação de animadores e chefes; outros são de ordem estrutural, como o secretariado diocesano da pastoral juvenil e organismos análogos no plano paroquial e social. Todos Convocados 6. Nesta hora em que vai ser posto em prática o plano pastoral, dirijo, pois, com plena confiança, uma palavra de apelo a cada um de vós, caros jovens, sem excepção. Um plano pastoral como este assenta fundamentalmente sobre os próprios jovens. Se os adultos – pais, sacerdotes, professores – não podem obviamente considerar-se dispensados, sereis vós, jovens, os principais protagonistas. Todos devem estar disponíveis para dar e para receber. Antes de mais, tenho presentes aqueles que já assumiram especiais responsabilidades no campo apostólico, nos movimentos, nos grupos, nas estruturas diocesanas e paroquiais, na escola. Conto convosco, com a vossa fé, as vossas capacidades pessoais, a vossa oração, a vossa experiência. Entre os jovens empenhados, penso particularmente no esperançoso grupo dos seminaristas e dos outros jovens que se preparam para uma vida de consagração na Igreja. Confio-vos a vós, à vossa oração, ao vosso interesse, ao vosso empenho esta importante tarefa apostólica. Há outros jovens que, embora se sintam membros da Igreja, que fizeram a primeira comunhão e receberam a confirmação, não estão empenhados presentemente na vida activa da comunidade cristã e, porventura, ao lerem estas palavras, gostariam de dar o seu contributo ao plano pastoral. A vós dirijo este apelo: tendes aqui uma excelente oportunidade de fazer uma experiência gratificante, que vos oferecerá muita felicidade. Se me refiro a alguns grupos especiais de jovens, não quero excluir ninguém. Este plano pastoral foi concebido a pensar em todos. Todos sois bem-vindos. Deixai que sublinhe ainda de modo especial os caros jovens doentes ou com alguma deficiência. Vós tendes muito para dar, dentro das limitações físicas ou psíquicas em que vos encontrais. Sabeis que Jesus nos deixou o maior testemunho do valor do sofrimento. Foi pela Cruz que Ele nos salvou. A Cruz tem uma face luminosa: a face da ressurreição, da vida e da felicidade. Confio à Virgem Maria, Mãe de Cristo e Mãe de todos os homens, Mãe especial dos jovens, este projecto pastoral para que Ela nos alcance luz e força, afim de que os nossos esforços sejam coroados de frutos apostólicos. Com um abraço saúda-vos em Jesus Cristo D. Maurílio, Arcebispo de Évora Évora, 15 de Setembro de 2006

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