Antigo secretário do Papa João Paulo II apresenta livro de memórias

O Cardeal Stanislaw Dziwisz, antigo secretário pessoal de João Paulo II, vai apresentar na Feira do Livro de Frankfurt uma obra que recolhe as suas memórias pessoais. O actual Arcebispo de Cracóvia revela, entre outras coisas, que os médicos que operaram o Papa polaco em 1981, depois do atentado na Praça de São Pedro, tinham a certeza de que ele morreria. A editora Rizzoli disponibilizou alguns trechos do livro “Uma Vida com Karol”, esta segunda-feira. Num capítulo intitulado “Aquelas duas balas”, o Cardeal Dziwisz relembra o que sentiu quando o turco Mehmet Ali Agca atingiu o Papa a tiro, no dia 13 de Maio de 1981. “Tentei segurá-lo, mas foi como se ele estivesse a ir embora devagar”, escreveu. Muitas peripécias e dificuldades surgidas após o atentado são relatadas: no meio da confusão, João Paulo II foi levado por engano ao décimo andar, para depois então ir para a sala de cirurgia, no nono andar. Os funcionários arrombaram duas portas para que o Papa chegasse lá mais rapidamente. “O pior foi quando o Doutor Buzzonetti se aproximou de mim para pedir-me que administrasse ao Santo Padre a unção dos doentes, o que fiz de imediato, mas com o coração destroçado. Era como se me tivessem dito que não havia nada a fazer”, lembra. O último capítulo é dedicado aos momentos finais da vida do Papa polaco. Particularmente comovente é o relato da colocação do véu branco sobre o rosto de João Paulo II, já no caixão: “Era a última vez que via o seu rosto, mas principalmente o seu olhar, porque era o olhar o que mais impressionava nele. Por isso, fazia tudo muito lentamente para que esse instante durasse muito mais (…). Peguei no véu branco e coloquei-o sobre o seu rosto, com medo de que esse pano de seda pudesse incomodá-lo”, conta. A obra será colocada à venda no próximo ano, adiantou a editora italiana Rizzoli. As memórias de D. Dziwisz foram reunidas pelo escritor Gian Franco Svidercoschi, jornalista que já colaborou num livro sobre a vida de João Paulo II. O testemunho do Cardeal Dziwisz é apresentado como um retrato “inédito e humaníssimo” de um grande Papa, passando em revista todas as fases da vida de João Paulo II, desde os anos na Polónia (1966-1978), quando Wojtyla era Arcebispo de Cracóvia, aos muitos episódios do pontificado(1978-2005).

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