Comissão Nacional Justiça e Paz voltada para a Imigração

Orientações da Assembleia das Conferências Europeias das CNJP As Comissões Justiça e Paz dos países europeus tiveram reunidos em Assembleia Geral nos dias 22 a 26 de Setembro na Irlanda. Contou com a participação de 24 Comissões Nacionais, tendo sido admitidas mais quatro comissões durante a Assembleia. Em representação da Comissão Nacional Justiça e Paz de Portugal, esteve a presidente da Comissão, Manuela Silva que destacou “uns dias de estudo muito interessantes que proporcionaram o contacto de todos os participantes com a realidade que se vive em Belfast”. Habitualmente o tema escolhido para a Assembleia está intimamente ligado com o local onde esta se realiza. O contacto privilegiado com a realidade permitiu reflectir sobre o processo de reconciliação e de paz na Irlanda do Norte. Assim, nos dois primeiros dias, os representantes visitaram locais, que apesar do processo de paz, ainda estão muito marcados pela divisão entre unionistas e nacionalistas. “Ao contrário do que se veicula não é uma guerra de religiões, entre os protestantes e os católicos. É antes uma questão de ocupação” aponta Manuela Silva. “As divisões são muito visíveis” refere Manuela Silva. Os participantes tiverem oportunidade de contactar com as vítimas e também com as entidades envolvidas no processo de paz. Manuela Silva lembra que esteve numa equipa que teve oportunidade de visitar uma localidade atingida por uma bomba em 1998, já depois de assinado o cesar-fogo com o IRA. “Tivemos a falar com um pai e uma mãe que perderam os seus filhos e que tentam utilizar a sua dor como forma de se aproximarem de outras vítimas”. Outra visita “impressionante” foi aos guetos e às zonas mais violentas da cidade onde ainda hoje “se sentem divisões”. Manuela Silva aponta, no entanto, que neste momento há um “esforço de entendimento e convergência” entre as Igrejas para um clima de paz. Passando das palavras à prática, os participantes na Assembleia juntaram-se à Comunidade Metodista para uma oração ecuménica, em Forthspring. A adesão dos representantes com este contacto local foi “muito boa”, referiu a presidente da Comissão portuguesa. “É muito importante percebermos estas condições de «guetização» ainda mais quando se transformam em violência. O conhecimento ajuda à prevenção”, sublinha, apontando o facto de que Portugal ao assumir a presidência da União Europeia no 2º semestre de 2007, tem de “manter-se atenta a estas questões para as colocar na agenda política”. Num trabalho mais interno a Assembleia, entre os dias 24 e 26, fez a avaliação sobre o trabalho desenvolvido nacionalmente pelas comissões e lançou pistas de trabalho futuro. Aqui a discussão centrou-se nas questões de emigração. Foi aceite uma acção por todas as comissões europeias, a ser desenvolvida por cada comissão ao longo do ano no seu país, sobre o acolhimento dos emigrantes mas saíram também directrizes para uma reflexão sobre a imigração ilegal, muito presente na agenda social. Concretamente as comissões deverão “fazer pressão junto dos seus governos para trazerem para as leis nacionais o contributo das convenções” e também fazer pressão no Conselho da Europa, sempre com a perspectiva de manter as questões dos direitos humanos na ordem do dia. A Comissão Nacional no seguimento destas directrizes pretende dar continuidade ao trabalho que tem desenvolvido nesta área. “Participámos na discussão da lei da imigração” e também num projecto coordenado pela comissão Italiana, que “será um instrumento de trabalho junto das autoridades e das estruturas eclesiais”. No próximo ano, o local de encontro será a Polónia.

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