Padre Jorge Guarda recorda sacerdotes que faleceram no tempo da pandemia, um com 101 anos e outro com 94
Leiria 19 mar 2021 (Ecclesia) – O padre Jorge Guarda evoca dois sacerdotes da Diocese de Leiria-Fátima que deixaram “marcas incontornáveis” no seu percurso humano e eclesial, falecidos durante a pandemia.
O cónego Manuel Gaspar morreu aos 101 anos de idade e ao longo do seu percurso sacerdotal desempenhou “várias funções na diocese e sempre com bastante pedagogia”, recorda o vigário-geral da Diocese de Leiria-Fátima nas ‘Memórias que Contam’, ciclo de conversas promovidas pela Agência ECCLESIA na Quaresma.
O padre Benevenuto Oliveira Dias ainda “não tinha cem anos mas andava lá próximo” e teve a particularidade “de exercer o seu ministério sempre na mesma paróquia”, precisou.
O “longo serviço” sacerdotal à Igreja do padre Benevenuto Oliveira Dias foi vivido na Freixianda e era “um homem entusiasta na ação pastoral, a que se dedicou zelosa e incansavelmente”, referiu o padre Jorge Guarda sobre o sacerdote que faleceu com Covid-19, aos 94 anos de idade.
O padre Benevenuto Dias esteve 60 anos na mesma paróquia e a liturgia, catequese, ação social, formação apostólica dos leigos e a comunicação foram “os principais campos em que mais apostou”.
Ao recordar o percurso do cónego Manuel Gaspar, o vigário-geral da Diocese de Leiria-Fátima salienta que este sacerdote centenário foi prefeito (1942-1961) e professor (1942-1974) do Seminário Diocesano de Leiria; assistente diocesano dos Cruzados de Fátima (atualmente Movimento da Mensagem de Fátima) de 1949 a 1960 e do movimento Juventude Independente Católica Feminina (JICF).
Nos serviços diocesanos desempenhou os cargos de secretário da Associação de Doutrina Cristã (antecessor do atual Serviço de Catequese), de 1953 a 1960; diretor da Pastoral Vocacional (1962-1972) e do Secretariado de Liturgia e Arte sacra, mais tarde denominado Secretariado de Pastoral litúrgica e Música Sacra (de 1972 a 2003).
O cónego Manuel Gaspar foi também pároco dos Marrazes (1974-1978) e de Leiria (1978-1998) e colaborou também na revisão linguística e literária da Bíblia Monumental Ilustrada, de livros litúrgicos e de várias publicações do Santuário de Fátima.
“Um homem muito acessível e amável, discreto, estudioso e de notável cultura, com uma paixão pela fotografia”, afirmou o padre Jorge Guarda sobre o cónego Manuel Gaspar.
Além “do cuidado no embelezamento do espaço das igrejas”, o padre Benevenuto Dias empenhou-se “especialmente na música litúrgica, incluindo o acompanhamento ao órgão, que gostava também ele de tocar”.
“Preparava cuidadosamente as homilias, esforçando-se por cativar os fiéis com alguma novidade no modo de explicar o Evangelho”, acentua.
Na catequese procurava “melhorar os métodos para interessar crianças e adolescentes, incluindo o uso dos meios audiovisuais e do cinema, no salão paroquial”.
A “menina dos seus olhos” foi o “Jornal da Freixianda”, que fundou e dirigiu como meio para “a comunicação com as famílias da paróquia, os emigrantes e os missionários”.
As ‘Memórias que Contam’ são a nova proposta das conversas online que a Agência ECCLESIA tem vindo a promover, desde o primeiro confinamento, e vão estender-se ao longo da Quaresma, para evocar pessoas ligadas à Igreja Católica que faleceram durante a pandemia.
LFS/OC