Igreja sempre atenta ao Turismo

Aproxima-se a celebração do Dia Mundial do Turismo e a Santa Sé assinala a data com uma mensagem especial – “O Turismo é uma riqueza”- mostrando assim a sua atenção relativamente a este fenómeno, que se massificou nas últimas décadas. O Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI) tem uma secção dedicada, especificamente, às áreas do Turismo, Peregrinações e Santuários, que apresenta, simbolicamente, sob o título “Peregrinos da beleza e da fé”. No meio da imensa mobilidade generalizada em que a nossa sociedade está mergulhada, o Turismo é uma manifestação fundamental para apreciar as potencialidades desse fenómeno, com impactos sociais, económicos e culturais. A Igreja desde sempre tem reflectido de modo muito positivo, desde o Directório Geral “Peregrinans in terra” (1969), apoiado por Congressos e Orientações do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, sob os aspectos antropológico, teológico e pastoral, mas o seu pensamento carece de maior divulgação, junto dos agentes pastorais, das comunidades e sociedade, em geral. Nesse documento pode ler-se que a Igreja, “apesar de não esquecer as diferenças sociais que angustiam muitas partes da terra e preocupada perante muitos aspectos inquietantes do Turismo moderno, reconhece os profundos valores e os elementos específicos de aperfeiçoamento que ele pode promover para uma nova ordem de relações humanas” (Peregrinans in Terra, 3). Como afirmou João Paulo II, o turismo constitui uma oportunidade providencial para encontrar outras pessoas pelo mundo fora. Todavia, ele tem aspectos positivos e negativos. Novo olhar Em 2001, esse Directório foi actualizado e assinalava-se que o Turismo “é uma circunstância ideal para que o homem se aperceba que é peregrino no tempo e no espaço”, numa “fraternidade universal”. A dimensão de “busca” do fenómeno é sublinhada, sobretudo a sua vertente espiritual, apontando que é possível encontrar Deus, através do Turismo “em condições psicológicas favoráveis, na beleza da natureza ou da arte”. O propósito central da Pastoral do Turismo é o de suscitar as melhores condições possíveis para que o cristão possa viver essa realidade como momento de graça e de salvação. O Turismo pode ser considerado, sem dúvida, como um dos novos areópagos de evangelização, um dos grandes campos da civilização contemporânea e da cultura, da política e da economia nos quais o cristão é chamado a viver sua própria fé e sua vocação missionária, como dizia João Paulo II. Nesse ano, o Papa polaco escreveu que “o conhecimento recíproco entre indivíduos e povos, graças a encontros e a intercâmbios culturais, contribui sem dúvida para a construção de uma sociedade mais solidária e fraterna. O Turismo requer a convivência passageira com outras pessoas, a recolha de informações acerca das condições de vida, dos problemas e da religião; pressupõe a partilha das aspirações legítimas de outros povos; favorece as condições para o seu reconhecimento pacífico”. As grandes orientações para a Pastoral do Turismo, apresentadas em 2004 após o 6º ° Congresso Mundial sobre a Pastoral do Turismo de Banguecoque, defendiam um “Turismo ao serviço do encontro dos povos” e a implementação do Código Ético Mundial para o Turismo, bem como o combate ao Turismo Sexual. “O ministério pastoral do turismo não deveria esquecer a importância da solidariedade com os desfavorecidos e os pobres, prestando uma particular atenção às consequências da pobreza para a sua vida familiar. Essa solidariedade deveria incluir o diálogo e advocacia com os responsáveis governamentais, para reduzir o impacto negativo do Turismo nas suas vidas”, referiam os participantes. Este ano, a Santa Sé destaca o potencial positivo do turismo, sobretudo quando “permite entrar em contacto e compreender outras culturas e sistemas de vida, partilhando assim um património que pertence a todos”. “O turismo é riqueza” e esta riqueza é cultural, não tanto material, deixando “perceber outras formas de riqueza” e a história de outros povos, “que é uma riqueza sem limites e que pertence a todos”.

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