“MARTÍRIOS DE SANTOS” AJUDA VÍTIMAS DO IRAQUE Chegou aos serviços administrativos da diocese de Leiria-Fátima a quantia de 165 euros, provenientes dos organizadores da Exposição “Martírios dos Santos”, que esteve patente em Leiria, na igreja de S. Pedro, junto ao castelo, de 17 de Abril a 22 de Junho. O montante, correspondente a uma parte do custo de cada bilhete de entrada para a referida exposição, destina-se a ajudar as vítimas da guerra do Iraque e foi já enviado ao organismo “Ajuda à Igreja que Sofre”, que tem em acto uma campanha destinada a recolher fundos para o país mencionado. Durante as dez semanas em que esteve em Leiria, a exposição foi visitada por 900 pessoas, o que corresponde a cerca de noventa por semana. Por o número de visitantes ser baixo e, deste modo, não pagar as despesas feitas, os organizadores transferiram a exposição para Coimbra, em meados de Julho. Está patente na baixa coimbrã, na igreja de S. Tiago, com o apoio da paróquia local e do Bispo de Coimbra. O número de visitantes é muito superior, pelo que, só numa semana, superou o número global registado na cidade de Leiria. Além disso, o interesse manifestado pelas pessoas é grande e os seus comentários são de muito apreço e de comoção, a ponto de se tornar motivo de conversa nas lojas e outros locais da cidade do Mondego. Lembro que a exposição apresenta quadros pintados a óleo, reproduzindo originais presentes nos retábulos de várias igrejas, em que figuram cenas do martírio de alguns santos dos primeiros séculos do cristianismo e outros posteriores, incluindo religiosas da época da revolução francesa. Em frente dos quadros foram colocadas reconstituições dos instrumentos usados nos martírios, desde o machado à roda dentada e à guilhotina e muitos outros, que provocavam um sofrimento horroroso às vítimas do ódio contra a fé cristã e contra quem a professava destemidamente. Quem visita a exposição é invadido espontaneamente pelo sentimento de horror, face às cenas que contempla e aos instrumentos que observa. A imaginação torna-nos facilmente próximos das vítimas ou leva mesmo a vermo-nos no lugar delas. Em tais situações como não sentir o coração apertado pela amargura e a revolta contra tais desumanas e abomináveis acções! Por outro lado, lendo as legendas que acompanham as cenas e contemplando as expressões dos rostos dos mártires, brota em nós a atitude de admiração pela fortaleza e coragem destas testemunhas da fé. Algumas recusaram frontalmente a oferta de salvarem a vida a troco de renegarem a fé. Preferiram manter a fé e receber a vida eterna das mãos de Deus do que aceitarem a dádiva dos seus carrascos. A entrega de parte das receitas das entradas às vítimas da guerra do Iraque associa as do passado às do presente, numa continuidade infelizmente não quebrada, pois os homens de hoje prosseguem as acções de violência injusta e brutal contra os seus semelhantes. A oferta resulta também do acordo com a Diocese de Leiria-Fátima, que apoiou a exposição, e corresponde a um dos objectivos da mesma que é a de sensibilizar as pessoas contra a tortura e a pena de morte por quaisquer que sejam os motivos invocados. Há, portanto, nos organizadores um objectivo pedagógico de promoção do respeito pela dignidade da pessoa humana. Neste caso, o conteúdo específico sugere também a afirmação da força e da esperança no futuro eterno que advém da fé. A morte do mártir é, com frequência, antecedida da oferta de perdão para os carrascos e da súplica a Deus para que o conceda. Desta forma, é como que destruída a força da maldade por um acto de misericórdia e bondade: o amor vence o ódio! P. Jorge Guarda, Vigário Geral