Criação e evolução: actas do encontro serão publicadas

Decorreu de forma muito discreta o encontro de estudo do Papa com o círculo dos seus antigos alunos, o chamado “Ratzinger-Schülerkreis”, sobre o tema “Schöpfung und Evolution” (Criação e Evolução). A iniciativa, acompanhada por uma grande especulação mediática, decorreu este fim-de-semana em Castel Gandolfo. A Rádio Vaticano deu conta dos desenvolvimentos desta iniciativa, de forma muito breve, e anunciou hoje que, pela primeira vez, serão publicadas as intervenções proferidas nestes dias. Joseph Ratzinger mantém estes encontros há décadas, desde a sua docência na Universidade de Regensburg (Alemanha) e eles não foram interrompidos até hoje, mesmo após a eleição pontifícia. Ontem de manhã, o Papa presidiu à celebração da Missa, com a presença dos participantes no encontro de estudo. A homilia foi proferida pelo Cardeal Chrtisoph Schoenborn, Arcebispo de Viena. Este responsável é uma voz activa no debate em curso há vários meses sobre o assunto e criticou duramente, no ano passado, “o evolucionismo no sentido do neo-darwinismo – um processo não planeado, sem guia e de selecção natural” num artigo escrito para o New York Times. Mais recentemente, em entrevista à Rádio Vaticano, o Cardeal austríaco disse que “se tudo for fortuito, a vida não tem sentido”, precisando que “nem todas as explicações da evolução, do devir do mundo, da vida ou do homem são compatíveis com a fé”. No encontro com o Papa participaram, entre outros, o professor Peter Schuster, presidente da Academia Asutríaca das Ciências; o jesuíta Paul Erbrich, professor de Filosofia da Natureza em Munique, e Robert Spaemann, especialista em filosofia política. A publicação das actas do encontro poderá ajudar a clarificar alguns equívocos que persistem na opinião pública, como o facto de se equiparar a concepção cristã do Universo ao que defendem algumas escolas norte-americanas. Entre o evolucionismo neo-darwinista, que exclui qualquer presença sobrenatural do processo evolutivo, e o criacionismo, que lê à letra os relatos de Génesis, procura-se um espaço para o “projecto” divino que, segundo a doutrina católica, guiou o nascimento da vida sobre a terra. O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica explica que “Deus criou o universo livremente, com sabedoria e amor” e que “o mundo não é o produto duma necessidade, dum destino cego ou do acaso”. Notícias relacionadas • Darwin e o Génesis: regresso ao passado?

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