Trabalho da Jovemcoop no património de Braga já produz resultados

A par da consciencialização e divulgação, eis o primeiro resultado do levantamento do património da cidade de Braga feita pela Associação Jovem Cooperante Natureza/Cultura (Jovemcoop). Depois de constatar o estado de degradação e o perigo que constituíam alguns azulejos da igreja de São Vicente, em Braga, deu-se, finalmente início às obras de restauro e preservação daquele património. Na realidade, os painéis de azulejos da igreja de São Vicente não são uns azulejos quaisquer. Além de relatarem episódios da vida do mártir São Vicente, nomeadamente a lenda o envenenamento, a maioria é do século XVIII, constituindo, desde modo, uma riqueza patrimonial dentro daquele monumento de interesse público. Segundo Ilídio Matos, presidente da Confraria de São Vicente, a situação já era preocupante porque alguns painéis ameaçavam cair. O pároco local, o padre Carlos, também se mostrava preocupado e, através de Ricardo Silva, paroquiano e coordenador da Jovemcoop, tentaram encontrar uma solução para travar a degradação. A partir desse momento, contactaram a empresa Signinum, especializada em restauros, para se formalizar um orçamento. «Fizemos um orçamento e enviámo-lo para o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR). Só que, o IPPAR pode ajudar em termos técnicos, mas não dá verbas, e esta obra vainos custar cerca de 25 mil euros e não temos esse dinheiro», queixou-se. Por isso, a solução passa, mais uma vez, por recorrer aos paroquianos, porque instituições do Estado, nacionais ou locais não ajudam. Ilídio Matos recorda que a Confraria fez, recentemente, um grande esforço para restaurar a igreja exteriormente, onde foram gastos muitos milhares de euros, o que significa que não há dinheiro para esta nova intervenção. No entanto, ela terá que ser feita, uma vez que é o património que está em risco. Em declarações ao Diário do Minho, o coordenador geral da Jovemcoop confirmou que a intervenção nos azulejos da igreja de São Vicente foi apressada depois do levantamento do património feito pela associação na primeira quinzena de Julho. «Identificámos o problema, analisámos a situação e dissemos aos responsáveis da Confraria que os painéis não aguentavam mais um Inverno. A ideia foi acatada e ficámos contentes em poder colaborar e contribuir na preservação daquele património», afirmou Ricardo Silva. Segundo António Cardoso, da Signinum, a intervenção consiste na limpeza, conservação e restauro dos painéis de azulejos, visando sobretudo eliminar os focos nas zonas instáveis dos painéis. «Havia problemas de estancamento, principalmente na nave central, onde caíram já alguns azulejos. Por isso, tivemos que fazer a salvaguarda, nomeadamente o faceamento, identificação, registo, tratar do vidrado, entre outros procedimentos », disse. Foi feito o registo fotográfico de todo o espaço, dos azulejos partidos, removidos os que estavam a cair e vão ser feitas réplicas, porque alguns estão irremediavelmente perdidos. Assim, vai ser montada no local, uma estrutura de produção para reproduzir entre 150 a 200 réplicas a partir dos originais. «Ainda assim, não se pode dizer que seja uma intervenção profunda, porque as verbas não o permitem. A prioridade agora é a limpeza, consolidação e salvaguarda dos painéis», explicou António Cardoso. Além dos funcionários, duas estudantes do curso de Conservação e Restauro, do Instituto Politécnico de Tomar, estão a trabalhar no restauro. As jovens estão encantadas por, logo no segundo ano da licenciatura, poderem trabalhar em azulejo. «Para nós, isto é muito bom porque temos oportunidade de, logo no início do curso, fazer um estágio em restauro de azulejos», disse Joana Silva que, tal como a colega Ana Neto, faz parte da Jovemcoop. A empreitada está programada para dois meses, mas, como previne Joana Silva, «estes trabalhos costumam apresentar surpresas, por isso, nunca se sabe exactamente quando é que terminam». Ricardo Silva acredita que a intervenção em São Vicente é o primeiro de muitos protocolos de colaboração entre a Jovemcoop e outras instituições detentoras de monumentos de interesse patrimonial. Aliás, decorrem já conversações para uma intervenção num outro monumento na cidade de Braga.

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