D. Dionísio Lachovicz faz balanço da semana das migrações

Agência Ecclesia – Que balanço faz desta semana dedicada às migrações? D. Dionísio Lachovicz – Do meu ponto de vista alcançou todos os objectivos previstos. Refiro-me especialmente à imigração ucraniana pela qual sou responsável. Eu já assisto a imigração ucraniana desde Janeiro de 2001. Dialoguei várias vezes com o Patriarca de Lisboa, o Cardeal D. José Policarpo, com os bispos ordinários das dioceses de Beja, Algarve, Fátima-Leiria e Porto. Desta vez tive a oportunidade de ouvir mais de perto os agentes pastorais da mobilidade humana e pude constatar qual é a imagem dos imigrantes ucranianos perante a sociedade portuguesa (e para a minha alegria é muito positiva), o trabalho que se faz na integração dos imigrantes, a assistência dada aos necessitados pelos organismos civis e religiosos. AE – Os contactos com as entidades políticas, civis e eclesiais mostraram-se fecundos para o trabalho da comunidade ucraniana no nosso país? DL – Sim! Eu tive a oportunidade de constatar o acolhimento e a boa vontade de integrar os imigrantes ucranianos na comunidade portuguesa. O Director Geral do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Sr. Manuel Jarmela Palos, fez-me um relato do trabalho realizado pelo Organismo que dirige, para neutralizar a rede de tráfico e exploração dos imigrantes, a ajuda no processo da legalização e agora na reintegração da família dos mesmos. O Director geral do SEF considera os ucranianos como bons trabalhadores e como um factor positivo para a sociedade portuguesa. O Sr. Rui Marques, presidente do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas, expôs o plano de actividades nos seus diferentes eixos de acção que visa o acolhimento, integração, protecção e a afirmação dos direitos e deveres dos imigrantes. Em poucas palavras, a experiência do povo português da sua própria imigração, faz com que se acolha bem os imigrantes de outros países. AE – Com que imagem fica da comunidade ucraniana que vive no nosso país? Com que preocupações parte? DL – É uma comunidade em busca. Em busca do trabalho para poder sustentar a sua família, pagar a escola aos seus filhos, melhorar a sua condição económica, e por fim uma busca por novos horizontes, que não lhes foram abertos na terra mãe. Vejo-a também como uma comunidade em luta para se organizar em associações culturais e eclesiais. Ao mesmo tempo, uma comunidade que ainda precisa de uma mão, que lhe seja estendida da parte da sociedade civil e eclesial. A minha preocupação, como bispo da Igreja Greco-Católica, prende-se à assistência pastoral própria do rito, aos imigrantes ucranianos. A nossa pastoral atingiu só uma parte do território português. Preocupa-me o norte do país e as ilhas, que ainda não foram assistidas pastoralmente. Preocupa-me a formação e o envio de sacerdotes preparados para essa missão, sacerdotes capazes de atender social e espiritualmente os imigrantes e ao mesmo tempo capazes de se integrar nas dioceses locais em vista de uma pastoral de conjunto. AE – Como avalia as celebrações presididas em Fátima, tendo em conta tratar-se de um local de enorme importância para os portugueses? DL – Maravilhosas e de profundo simbolismo. Um imenso presente à Igreja Greco-Católica, que foi duramente perseguida pelo regime ateu soviético. As celebrações em Fátima foram intensos momentos de louvor e agradecimento a Nossa Senhora pela promessa cumprida de que um dia a Rússia se converteria, e os filhos dessas terras distantes poderiam no lugar das aparições agradecer livremente por esse grande dom da liberdade. As celebrações testemunharam também o gesto profundo de comunhão dos dois “pulmões” da Igreja, – dois pulmões e um só coração, um só baptismo, uma só catolicidade da Igreja. Como bispo ucraniano senti-me dentro desse coração que bate no peito do povo português, simbolizado pelo santuário de Fátima. E por fim, aproveito o ensejo de manifestar o meu profundo agradecimento para a Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, que me assessorou nas celebrações e acompanhou em todos as deslocações por Portugal. Um caloroso muito obrigado à direcção do Santuário de Fátima por essa oportunidade impar e a todas as pessoas que de uma ou outra maneira estiveram junto de mim nessa visita pastoral.

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