Senhora da Agonia é ícone da paz

«A violência ou desrespeito pela pessoa humana, a agressividade em ambiente doméstico ou nos palcos da batalha, estão em contradição com a mensagem que irradia do mistério da Cruz» denunciou ontem D. José Pedreira durante a solene Bênção do Mar e das Embarcações que antecede a majestosa procissão da Senhora da Agonia que reúne centenas de embarcações de pesca e recreio. Ao final de uma radiosa manhã, foram milhares de fiéis ou meros espectadores que acompanharam a «oração devota e comovida» que os pescadores prestaram à sua patrona, numa súplica de «serenidade do mar, o amainar das tempestades, frutos abundantes da faina e um regresso feliz aos seus lares». D. José Pedreira assinalou que o sofrimento que se pode «entrever» na imagem da Senhora da Agonia, constitui um «sinal, ícone, vivência presencial de todos os que sofrem». Daí que tenha apelado a todos os cristãos para que mostrem a «autenticidade» desse nome, «por meio da paz», «repudiando a maldade» e não permitindo que a «inimizade » subsista entre os homens. Para o Bispo de Viana do Castelo a dimensão religiosa da pessoa humana, expressa nas interrogações fundamentais (sobre o além, a origem e o sentido final das coisas e da vida), cabe nas festas cristãs, desde que haja uma recta harmonização entre os «valores da fé» e «os valores da cultura profana ou secular». Mas, advertiu, «não deve haver lugar para os supostos valores de uma secularidade alienante da pessoas humana». Aproveitando as conclusões do Sínodo Diocesano, o Prelado sublinhou a riqueza e os valores da religiosidade e piedade populares propondo que as festas e romarias sejam «expressão clara da fé e momentos privilegiados de escuta da palavra de Deus e de evangelização». D. José Pedreira manifestou ainda a preocupação com os «elevados gastos» que por vezes envolvem as festas e romarias, assinalando que, conscientes das «carências económicas por que passam muitas das nossas famílias, idosos e crianças», existem «limites éticos» com a promoção das festas religiosas. A «boa e generosa gente » da Ribeira de Viana testemunhou ontem, mais uma vez, que «confia quotidianamente » na bênção e auxílio divinos, sob a mão protectora da Senhora da Agonia. «Cada saída para a faina da pesca constitui um acto de fé na providência de Deus e no seu feliz regresso. Cada tormenta, cada sofrimento suportado e ultrapassado são o testemunho eloquente do amor que estes homens têm como pais, filhos ou maridos», assegurou D. José Pedreira.

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