Angra: Bispo escreve carta pastoral, pedindo «verdadeiras comunidades cristãs»

Documento, com o lema «Jesus percorria cidades e aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém», foi escrito depois da visita pastoral que passou pelas nove ilhas do arquipélago

Foto: Lusa

Angra do Heroísmo, Açores, 22 jan 2021 (Ecclesia) – O bispo de Angra escreveu uma carta pastoral à diocese, pedindo “verdadeiras comunidades cristãs”, e enalteceu o esforço dos que, nos Açores, assumem a defesa da “dignidade humana e a edificação do bem comum”.

“As nossas comunidades sofreram e alteraram os seus hábitos; os serviços de saúde e de proteção civil foram pressionados perante a necessidade de respostas para acudir às situações graves de doença; os governantes foram ensaiando respostas para articular a saúde com as diversas realidades da vida social e económica”, escreve D. João Lavrador.

O documento com o lema “Jesus percorria cidades e aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém” (Lc 13,22), é dirigido ao clero, aos religiosos, consagrados, leigos, serviços e movimentos, e “às pessoas de boa vontade”.

O texto é escrito no segundo ano da caminhada sinodal, tendo 14 pontos, para deixar “algumas reflexões” para a “edificação de uma comunidade cristã cada vez mais à maneira de Jesus Cristo”.

Depois da visita pastoral que passou pelas nove ilhas do arquipélago, entre janeiro de 2017 e janeiro de 2021, D. João Lavrador destaca a esperança, num tempo difícil de pandemia.

No meio do sofrimento e do medo, despertou muita generosidade e confiança num futuro que nos mobiliza a todos para que seja verdadeiramente humano. Colhi na esperança o enorme esforço que se está a realizar na Região dos Açores, a disponibilidade e generosidade de grande número de pessoas, o sacrifício e dedicação de muitos que se entregam pelo engrandecimento da dignidade humana e pela edificação do bem comum”.

O tema da cultura é abordado na carta pastoral, na qual se pede uma “análise do contexto cultural”.

“A Igreja deve estar onde estão as pessoas humanas colocando-se sempre na defesa da dignidade humana e da edificação do bem comum”, indica o bispo de Angra.

O responsável alerta ainda para a falta de participação dos cristãos “nos lugares e domínios onde se decidem os projetos para a vida das pessoas, na dimensão política, social, cultural, educativa, laboral”.

“A exemplo de Jesus Cristo, a comunidade cristã é chamada a edificar-se através do anúncio, da celebração litúrgica e da partilha fraterna. Estes setores da vida comunitária devem merecer o máximo de atenção e de valorização pastoral”, refere.

D. João Lavrador pede um esforço na área social, o “setor da partilha fraterna”, considerando o “mais enfraquecido” mas sendo uma “área pastoral absolutamente necessária para a identidade de cada comunidade cristã”.

“Por isso, pede-se um esforço por promover a partilha fraterna em cada paróquia”, alerta.

Na área vocacional o bispo de Angra reconhece a realidade de viver e trabalhar dos presbíteros isolados, “tantas vezes em atitude de rivalidade, de maledicência, de autorreferencialidade e criticismo”.

“É urgente e primordial para um verdadeiro testemunho de comunhão eclesial, à maneira dos Apóstolos, que progridamos na edificação de um presbitério a viver na comunhão e na unidade; na partilha económica entre os presbíteros, meios espirituais e de formação permanente, tendo em conta a dimensão humana, espiritual, intelectual e pastoral”, apela

O documento, com 38 páginas, termina com referências à encíclica “Fratelli Tutti”, na “fraternidade universal e a amizade social”, ao sonho missionário do Papa Francisco e aos frutos que podem nascer da caminhada sinodal. 

SN/OC

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Agência ECCLESIA

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