Insegurança continua em Díli

Missionários portugueses relatam clima de expectativa Um missionário português em Díli relatou à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre que em Timor-Leste se vive “um período de expectativa” com a nomeação do novo Executivo. No entanto, continuam os tumultos na capital, onde, de madrugada, foram incendiadas várias habitações e a sede do partido da Fretilin. “Hoje mesmo tive de me proteger entre os militares australianos quando, de regresso a casa, me encontrei no centro de um conflito entre populares, junto a um campo de refugiados, bem no centro de Díli”, declarou Frei Manuel Rito, missionário capuchinho. “Pensávamos que tudo se confinava, quanto a insegurança, a Becora, Comoro e Balide, bairros da periferia da cidade”, acrescentou. Nos últimos dias cerca de 10 mil apoiantes da Fretilin entraram em Díli para manifestarem o seu apoio ao partido no poder, não se registando confrontos com outros grupos políticos. Dois meses após o início da crise política, despoletada pela expulsão de 500 militares das Forças Armadas, a capital timorense terá perdido mais de três terços da sua população. A maioria fugiu para o interior, mas mais de 30 mil pessoas estão refugiadas em instituições da Igreja Católica. As Nações Unidas estimam que existam 150 mil deslocados, a maioria dos quais em campos de regugiados. “Assistir estes deslocados tem sido a grande tarefa da Igreja, nesta hora de crise”, afirmou Frei Rito que questionou ainda o tempo que será necessário para os poderes públicos criarem condições para o regresso dos deslocados às suas casas. Novo Governo tomou posse Hoje, no discurso da tomada de posse do novo Executivo timorense, o Presidente Xanana Gusmão falou sobre a necessidade de reconciliação, de justiça e de reposição da ordem pública. O Presidente defendeu também a realização de eleições que, na sua opinião, “são o meio adequado par resolver pacificamente os conflitos e para vencer as crises”. No início do seu discurso, Xanana Gusmão, referiu-se à crise política: “Hoje, com a tomada de posse do II Governo Constitucional, encerramos um ciclo de crise profunda que ameaçou as instituições do Estado de Direito democrático e sujeitou o nosso povo a sofrimentos e angústias imprevisíveis e injustas”. Segundo o Presidente, o país foi refém de “poderosos interesses globais, políticos, militares ou económicos” e criticou os que disseram que Timor-Leste seria um Estado falhado. O novo Primeiro-Ministro, Ramos-Horta, declarou que a tarefa mais imediata do novo Governo seria consolidar a segurança e criar as condições necessárias para o regresso dos deslocados aos seus locais de origem. David Silva

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