Assumir a escassez vocacional confiando no espaço europeu

Teresianas rejeitam desenraizamento das formandas de outros continentes A Companhia de Santa Teresa de Jesus parece ter apostado num estilo de promoção vocacional que vai contra a visão da maioria dos institutos religiosos ad gentes, que encara as suas comunidades de África, Ásia e América Latina como potenciais “viveiros abastecedores” das suas estruturas na Europa e América do Norte. Assumindo as crescentes dificuldades que derivam da escassez de novas vocações no Velho Continente, as teresianas querem evitar a todo o custo os malefícios do desenraizamento das suas noviças e postulantes e pretendem enfrentar os desafios da renovação das províncias europeias, mesmo que seja preciso correr o risco de ver diminuído o número dos elementos que constituem cada uma das comunidades… a exemplo das comunidades cristãs primitivas. «A África, por exemplo, possui uma realidade distinta e as respostas devem ser dadas por quem domina a cultura local», sustentou ontem a conselheira geral da Companhia, irmã Maria Sales Vasquez, que na véspera da realização do Conselho Geral da Europa, que decorre até ao dia 14 de Julho, em Braga, defendeu que a aposta numa pastoral vocacional eminentemente continental deve resultar numa série de soluções susceptíveis de educar as crianças e jovens no seu ambiente natural. «A solução mais fácil passaria, talvez, por “angariar” vocações nas Filipinas, onde temos uma casa, mas o sentido da vida religiosa também está precisamente no seguimento de Jesus Cristo através de pequenas comunidades», acrescentou a irmã Amélia Martins, directora do Colégio de Elvas, que, no entanto, não deixa de realçar a média de idade da Companhia na Europa, que ronda os 60 anos (a Província Portuguesa, que foi fundada em 1945, conta com 142 religiosas, cuja média de idades se situa nos 68,7 anos). Analisar presença educativa O Conselho, que ontem arrancou com a presença das 41 representantes de Espanha (quatro províncias), Itália e Portugal, surge após o XV Capítulo Geral, que se realizou no Verão de 2005, em Roma. O encontro consistiu numa análise da realidade congregacional nos continentes referidos anteriormente e essa reflexão foi compilada sinteticamente no documento conclusivo “Eis que faço novas todas as coisas” (a expressão é retirada do Livro bíblico do Apocalipse). «O Conselho visa acolher as orientações do Capítulo e desencadear um processo que dinamize o caminho a percorrer durante o sexénio em curso. Além disso, pretende-se analisar a nossa presença educativa nos nossos colégios, centros sociais e paróquias», disse a irmã Maria Sales Vasquez, que, dada a escassez de vocações, também salienta a importância crescente da acção laical nas obras da Companhia de Santa Teresa de Jesus. Renovar consagração no Sameiro Fundada a 23 de Junho de 1876, por Santo Henrique de Ossó, em Tarragona, Espanha, a Companhia entrou em Portugal no dia 28 de Outubro de 1884 e passados 25 anos a superiora- geral consagrou-a a Nossa Senhora do Sameiro. «Pretendemos hoje [ontem], no arranque do Conselho, repetir essa consagração », explicou a irmã Conceição Marques, directora do Colégio de Santo Tirso, antes da celebração eucarística, que decorreu na Basílica do Sameiro e que foi presidida por D. António Francisco dos Santos. Numa alusão ao percurso histórico do instituto, o Bispo auxiliar de Braga pediu na homilia que as religiosas continuassem a preservar «na riqueza da diversidade o valor primeiro da unidade e da comunhão ». Por outro lado, «o Conselho Geral convida-vos a “olhar com olhos novos a realidade, a aproximar-vos mais da humanidade sedenta, a situar-vos como comunidade de diáspora, que se deixa conduzir e quer aprender”», recordou o prelado, recorrendo ao documento do último Capítulo Geral.

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