D. José Pedreira quer uma piedade mariana que conduza à comunhão «A finalidade de toda a devoção à Virgem Mãe, de toda e qualquer peregrinação aos santuários mariana, de toda a oração à Mãe de Deus é precisamente a de nos aproximar de Jesus, de O receber na Eucaristia, de alimentar a nossa vida espiritual com o pão do céu, de continuamente descobrirmos o caminho do bem, de lutarmos contra o mal e de desenvolvermos a prática do serviço aos outros e das virtudes cristãs que são via de santidade». As palavras do Bispo de Viana do Castelo foram proferidas ontem, no alto da Serra d’Arga, diante de milhares de pessoas que participaram na peregrinação diocesana à Senhora do Minho, cuja imagem veio, em procissão motorizada, da vila de Ponte da Barca. D. José Pedreira aproveitou a peregrinação que «de ano para ano aumenta o número de peregrinos» para alertar a diocese para as condições a que deve obedecer «a piedade e religiosidade mariana» para que ressaltem as «riquezas» deste facto «relevante e universal», variada nas «expressões e profunda nas suas raízes». Segundo o Prelado , o povo do Alto Minho, que a par de uma intensa prática religiosa «desenvolveu e mantém formas culturais próprias de veneração à Mãe de Jesus», tem de estar consciente de que o exercício desta piedade deve exprimir a «dimensão trinitária que distingue e qualifica o verdadeiro culto a Deus». Por outro lado, tem de ter uma «componente cristológica» que manifeste a «única e necessária mediação de Cristo» entre os homens e o Pai, consagrando-o como «redentor único da humanidade». Fundamental, disse D. José Pedreira, é que a piedade popular e as suas manifestações «tenham a Eucaristia como seu verdadeiro centro» já que tudo a ela deve conduzir e dela deve dimanar. Todas as expressões desta piedade mariana devem evidenciar o carácter eclesial, serem fundamentadas nas Escrituras e na Tradição, e conduzirem ao «compromisso cristão, ao empenhamento missionário e ao dever de testemunho da fé». D. José Pedreira entende que esta consciencialização é necessária e urgente porque «o culto litúrgico da Mãe de Jesus brota do amor do povo a Deus e a Cristo» e da «percepção que o mesmo povo tem da missão salvífica que Deus confiou a Maria de Nazaré, predestinada a ser Mãe de Deus». A concretização do sonho A peregrinação ao santuário de Nossa Senhora do Minho foi motivo para que o Bispo diocesano evocasse aqueles sacerdotes (padres Manuel Correia e José Augusto Alves) que, há mais de meio século, sonharam edificar um templo no alto da serra onde as gentes do Alto Minho pudessem venerar a sua “Padroeira”, e aqueles que na actualidade se empenham e esforçam na sua concretização, nomeadamente. o Vigário Geral da Diocese e o Presidente da Confraria Mons. José Ribeiro. No 60 anos da erecção canónica da Confraria da Imaculada Conceição do Minho, mais alguns passos foram dados na concretização do santuário. D. José Pedreira benzeu, durante a Eucaristia, alfaias litúrgicas (o cálice, a patena e um vaso sagrado) e o sacrário, numa altura em que passa a dispor de algum mobiliário litúrgico para o presbitério. Ao redor deste templo, que tem crescido paulatinamente consoante os contributos de muitos, foram realizados alguns melhoramentos nas acessibilidades à Igreja. Aquele santuário ímpar passa a contar a partir de agora com alguma literatura que lhe «revela a génese», faz «memória e irradia entusiasmo». Trata-se da publicação “Senhora do Minho – do sonho ao santuário. Subsídios para a história”. Mons. Sebastião Pires Ferreira, Vigário Geral da diocese e Comissário do Bispo na Confraria, compilou num volume bastante ilustrado temas que dizem respeito a este «sonho», à invocação “Senhora do Minho”, à aquisição do terreno na Chã Grande, à elaboração e concretização do projecto do templo e do santuário. Além de uma referência aos que ao longo dos tempos deram o seu contributo esta publicação agora vinda a público aborda a história das peregrinações ao alto da Serra d’Arga cujas Bodas de Ouro foram celebradas o ano passado.