O Cardeal Tarcisio Bertone, que a partir de hoje (15 de Setembro) passou a desempenhar o papel de Secretário de Estado do Vaticano, é uma escolha pessoal de Bento XVI, do qual já tinha sido colaborador directo, durante sete anos, na Congregação para a Doutrina da Fé. Esta relação de confiança terá contribuído, em muito, para a decisão do Papa, dado que em relação a nomes como Sodano ou Casaroli, por exemplo, o Cardeal Bertone não tem uma carreira diplomática atrás de si ao chegar a este cargo. Numa carta enviada à Diocese de Génova, que vê partir o seu Arcebispo após três anos, o Papa descreve o Cardeal Bertone como “um pastor fiel, capaz de conjugar actividade pastoral e preparação doutrinal”. O próximo Secretário de Estado do Vaticano é, de facto, conhecido pela sua capacidade pastoral e já geriu, para a Santa Sé, alguns dossiês delicados, como o chamado “caso Milingo”, a tentativa de aproximação aos seguidores de monsenhor Lefebvre, a publicação da terceira parte do segredo de Fátima ou os acontecimentos de Medjugorie. Quem o conhece destaca o carácter afável e a proximidade com as pessoas– visível, por exemplo, na paixão pelo futebol, tendo feito já dois relatos radiofónicos. Nascido na localidade italiana de Romano Canavese, a 2 de Dezembro de 1934, cedo entrou na Sociedade de São Francisco de Sales de São João Bosco (Salesianos). A primeira profissão religiosa teve lugar a 3 de Dezembro de 1950. Mais tarde, obtém sua licenciatura em Teologia (com uma dissertação sobre tolerância e liberdade religiosa) na Faculdade Salesiana de Teologia em Turim. Depois consegue um doutoramento em Direito Canónico no Ateneu Pontifício Salesiano após sua dissertação sobre “O Governo da Igreja no pensamento de Bento XIV – Papa Lambertini (1740 – 1758)”. Foi ordenado sacerdote em Ivea, no dia 1 de julho de 1960, por Albino Mensa, Bispo de Ivrea. Foi professor de Teologia Moral Especial no Ateneu Pontifício Salesiano de Roma, que em 1973 se tornou na Universidade Pontifícia Salesiana. Entre os anos de 1976 e 1991 foi professor de Direito Canónico. Foi também professor convidado de Lei Eclesiástica Publica no Instituto “Utriusque Iuris” da Universidade Pontifícia Lateranense, em 1978. Realizou trabalho pastoral em diversas paróquias de Roma e trabalho na promoção do laicado nos Centros de Formação Teológica e Apostólica, especialmente com as suas intervenções sobre moral social e a relação entre fé e política. Colaborou na fase final da revisão do Código de Direito Canônico e impulsionou a sua recepção nas Igrejas locais. Na década de 80, é consultor de diversos Dicastérios da Cúria Romana, em especial da Congregação para a Doutrina da Fé, em temas teológico-jurídicos. Foi nomeado Arcebispo de Vercelli a 1 de Agosto de 1991, por João Paulo II. Na comissão Justiça e Paz da Conferência Episcopal Italiana promoveu iniciativas de educação sobre a justiça e a moral. Em Junho de 1995 foi nomeado Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, tornado-se braço direito do então Cardeal Joseph Ratzinger. Foi, posteriormente, encarregado pelo Papa João Paulo II da publicação da terceira parte do segredo da Fátima. A 10 de Dezembro de 2002 foi transferido para a sede metropolitana de Génova. João Paulo II criou-o Cardeal no Consistório de 21 de Outubro de 2003. Do seu trabalho destacam-se a ligação a Fátima e à Irmã Lúcia, bem como uma viagem a Cuba, em Outubro do ano passado, para além do seu papel activo na discussão sobre “O Código da Vinci”. Em Génova, investiu muito na pastoral juvenil e nas áreas da comunicação e da cultura. Notícias relacionadas • Secretaria de Estado, o coração do Vaticano