Santa Sé alerta para efeitos perniciosos da globalização nos trabalhadores

A economia global é impulsionada por eles, mas são dezenas de milhões os trabalhadores marginalizados dos seus benefícios, denunciou o observador permanente da Santa Sé junto da Organização Internacional do Trabalho (OIT). As palavras do Arcebispo Silvano Tomasi – difundidas esta terça-feira pela Sala de Imprensa da Santa Sé – foram ouvidas em Genebra no dia 8 de junho, na 95ª sessão da Conferência Internacional do Trabalho, em curso do 31 de Maio a 16 de Junho. Tema central desta Conferência é “a promoção do trabalho decente para todos, isto é, o trabalho devidamente remunerado e desenvolvido de modo respeitoso da dignidade dos trabalhadores”, aponta a sala de imprensa da Santa Sé. D. Tomasi manifestou a satisfação da delegação da Santa Sé pelo facto de que o “trabalho decente” faça parte de uma agenda estratégica de “qualquer debate para a erradicação da pobreza”, bem como da “convergência de esforços” para a sua implementação. “A libertação das finanças e do comércio no processo de globalização produziu muita riqueza”, mas também se mostram evidências de “crescentes disparidades entre e dentro dos países no aproveitamento dos lucros”, constatou. A ideia de “trabalho decente” leva a pensar nas “pessoas que não estão suficientemente qualificadas para subir no comboio da globalização ou cujas capacidades e talentos para impulsionar a economia global sem que participem nos lucros acumulados”, apontou o prelado. Neste caso, lamentou, são dezenas de milhões os que ficam de fora: “imigrantes sem documentos que trabalham na agricultura, na manufactura, no serviço doméstico; mulheres da indústria têxtil, trabalhando em condições insalubres por míseros salários; trabalhadores etiquetados por sua raça, casta ou credo, que são relegados a trabalhos marginais da sociedade”. Na opinião de D. Tomasi, “uma globalização que impulsiona o crescimento económico sem equidade bloqueia o acesso ao trabalho decente e questiona o funcionamento actual das estruturas internacionais criadas para facilitar o fluxo de ideias, capital, tecnologia, bens e pessoas para o bem comum”. Constatando que o número de menores trabalhadores reduziu 11% no mundo em quatro anos (entre 2000 e 2004 passou de 248 a 218 milhões de crianças), o observador da Santa Sé motivou a “redobrar a determinação de governos, empregados, sindicatos e sociedade civil para o objectivo da total eliminação do trabalho infantil”. Noutro local, o presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz deixou o alerta de que nas sociedades avançadas também se dão formas subtis que esvaziam de conteúdo humano a actividade dos trabalhadores. “Por um humanismo do trabalho no mundo” é a intervenção com a qual o Cardeal Renato Raffaele Martino inaugurou, na Argentina, a Semana Social que promove a Conferência Episcopal do país sobre o tema “Formação para o trabalho, um instrumento para o futuro”. O Cardeal Martino sublinhou que, para um verdadeiro humanismo no trabalho, é necessária uma “nova solidariedade” entre todos os trabalhadores do mundo, e que o verdadeiro desafio vem da concorrência entre países desenvolvidos e países em via de desenvolvimento.

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