João Coimbra de Almeida, psicólogo e psicoterapeuta, destaca necessidade de dar espaço aos mais novos
Lisboa, 17 set 2020 (Ecclesia) – João Coimbra de Almeida, psicólogo e psicoterapeuta, disse à Agência ECCLESIA que a busca da normalidade e a construção de rotinas, em tempo de pandemia, é um desafio que mistura “medo e esperança”, para pais e filhos.
O convidado de hoje nas ‘Conversas Originais’, projeto que decorre ao longo do mês de setembro, sublinha a necessidade de “entusiasmar, ter esperança de que se vai conseguir enfrentar o que aí vem e, ao mesmo tempo, reduzir um pouco a fantasia de que vai ser tudo fantástico, porque não vai”.
“O ano letivo vai trazer dois sentimentos que temos tendência a polarizar: acho que vai ser feito com muito medo e também com muita esperança. Acho que eles devem coexistir”, acrescenta.
O especialista destaca a importância de um “clima de confiança, apoio, entreajuda” na relação pais-escola, para acompanhar o “entusiasmo” dos mais novos.
João Coimbra de Almeida considera que professores e pais foram “verdadeiros heróis” durante o confinamento, para manter “vínculos” afetivos que permitem aos mais novos um regresso à escola “com vontade de retomar relações”.
Perante a multiplicação de recomendações para o distanciamento social, o psicólogo e psicoterapeuta recorda que nas crianças, sobretudo as mais novas, o afeto é “sobretudo agido”, manifestando-se “através de abraços, beijinhos”.
“Não acho que devamos criar limites muito grandes e imposições muito determinadas, porque vai ser difícil as crianças entenderem”, aponta, realçando que “é muito difícil substituir um abraço. Temos de ter cuidado, enquanto adultos, em não antagonizar e também em não criar uma ansiedade tremenda, que leve a criança a sentir-se culpada”, sublinha.
João Coimbra de Almeida fala do risco de “adultificar” as crianças todas e fazer delas “polícias”, em relação aos comportamentos.
Para o especialista, é importante “ajustar” o que se vai pedindo aos mais novos, na medida do que eles são “capazes de fazer”.
O entrevistado mostra-se ainda interessado em saber até que ponto as máscaras dos professores “roubam informação não-verbal” que é fundamental na comunicação.
Neste contexto, aponta a um ano “com muita exigência” que vai apelar à “flexibilidade de todos”, famílias, escolas e crianças.
“A escola não pode esperar que os pais tenham um plano para tudo e vice-versa”, indica.
Na eventualidade de situações mais negativas, João Coimbra de Almeida sugere a criação de “mecanismos” que ajudem a preparar respostas.
“O grande risco é que esta pandemia traga uma ideia de fatalismo, que nós temos de remover, enquanto sociedade”, adverte.
João Coimbra de Almeida é o convidado desta quinta-feira das ‘Conversas Originais – das palavras à ação’, transmitidas e publicadas online, às 17h00, e do programa Ecclesia na rádio Antena 1, pelas 22h45.
LS/OC