Desemprego e trabalho precário ameaçam a família

O Bispo Auxiliar de Braga, D. Antonino Dias, considerou ontem no santuário de Nossa Senhora da Fé, em Vieira do Minho, que o desemprego e o trabalho precário constituem nos nossos dias «uma das mais sérias ameaças à família». O prelado, que presidiu à peregrinação arciprestal de Vieira do Minho, salientou que tanto o desemprego como o trabalho precário, «ao trazerem instabilidade, insegurança e desconfiança em relação ao futuro, destroem a harmonia, o equilíbrio e a paz familiar». «Não permite prover às necessidades fundamentais, nomeadamente o acesso à habitação, à educação, à cultura, à assistência na saúde e à poupança que favoreça a aquisição de uma certa propriedade, como garantia de liberdade », acrescentou. Para D. Antonino Dias, o desemprego é mesmo responsável «pelo endividamento das famílias, provocando situações verdadeiramente dramáticas de miséria e de dependência, impedindo os indivíduos de desenvolverem as suas capacidades e de as porem ao serviço do bem comum». Na sua homilia, o Bispo Auxiliar de Braga lembrou não só aqueles jovens que sofrem a angústia na procura do primeiro emprego, como também aqueles que, com cerca de 40 anos, são já considerados obsoletos pelo mercado de trabalho, «vivendo sob a ameaça de lhes escassear o pão à mesa da família». «Afastados do mercado de trabalho, há desempregados que sentem a dolorosa sensação de não serem reconhecidos nem úteis à sociedade, suportando todo um cortejo de consequências como a ansiedade, tensões, insónias, agressividade, sofrimentos de vária ordem e depressões que, por serem incapacitantes, podem dificultar muito o retorno do desempregado ao mercado de trabalho », sustentou. Perante muitos fiéis vindos das 22 paróquias de Vieira do Minho, o prelado salientou que, muitas vezes, «esta situação degenera em fenómenos de violência, de prostituição, de alcoolismo, de delinquência e de desequilíbrio familiar, ao qual também não é alheio um sistema fiscal que ignora a centralidade da família na sociedade e se apresenta, em geral, desfavorável à promoção da mesma e dos seus valores, desencorajando a natalidade e penalizando, sobretudo, as famílias numerosas ou fazendo-as caminhar de braço dado com a miséria e a fome». No entanto, salientou D. Antonino Dias, é nestas ocasiões que a família, amigos, vizinhos e as comunidades cristãs formam uma rede de solidariedade que não permite a fome, a tristeza, o desespero ou a desagregação familiar. «Sabem incutir coragem, espírito de luta e esperança em novas oportunidades, fugindo à acomodação, à “subsídiodependência” e enveredando pela formação possível e pelo empreendedorismo capaz de fazer face ao desemprego, criando novas actividades, produtos e serviços, minimizando assim as más consequências, tanto nos indivíduos como nas famílias» e, a par, «fomentar a solidariedade dos trabalhadores e com os trabalhadores, sabendo apreciar e estimular aqueles que se preocupam com as pessoas e investem na criação de postos de trabalho e denunciando aquelas situações concretas de exploração económica e social que humilham e degradam as pessoas, quando estas não passam de meras peças de ferramenta, sempre descartáveis, ao serviço de lucros e benefícios de economias subterrâneas ». Assim, D. Antonino Dias exortou as famílias a saberem viver e acompanhar as situações de angústia inerentes ao desemprego. Lembrando que o ciclo de um emprego para toda a vida acabou, o prelado salientou que é importante criar a capacidade de reagir e agir sempre de forma a que as famílias, a pessoa e a sua dignidade sejam consideradas e respeitadas. Por outro lado, lembrando a Festa do Pentecostes que a Igreja celebrou ontem, o Bispo Auxiliar de Braga disse que o Espírito Santo que une o Pai e o Filho, também une no sacramento os esposos. «É o Espírito Santo que, pelo sacramento do matrimónio, dá aos esposos o coração novo e torna o homem e a mulher capazes de se amarem como Cristo nos amou», salientou. Para D. Antonino Dias, «este amor que vem do Espírito Santo torna possível a verdadeira unidade entre os esposos e nas famílias; faz crescer o amor, dia após dia, e torna os esposos testemunhas na sociedade, levando-os a serem família evangelizadora e missionária ». Segundo o prelado, a família que tem consciência da presença e acção do Espírito Santo pode receber grandes auxílios para a sua vida a partir dos dons do mesmo Espírito.

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