Arcebispo de Braga quer Igreja mais aberta a novos desafios

O Arcebispo de Braga reconheceu ontem que as cerca de mil e quinhentas confrarias existentes na Arquidiocese, apesar da sua riqueza espiritual, estão pouco abertas aos novos desafios da Igreja e da sociedade. Segundo D. Jorge Ortiga, que falava na missa da peregrinação diocesana ao santuário do Sameiro, em Braga, «muitas confrarias estão adormecidas, outras perderam a vitalidade e muitas outras procuram o mínimo, quando não se limitam à realização de festas muitas vezes sem grande dimensão cristã». Para dar a volta a isto, haverá nos próximos dias um encontro com as confrarias que organizam as peregrinações de índole arciprestal ou concelhio, como é o caso do Sameiro, Franqueira, Abadia, Alívio e Penha. «Reflectiremos, em comum, e partiremos para desafios que manifestem a maravilha de um apostolado organizado», disse D. Jorge Ortiga ao anunciar a realização deste encontro importante, tendo em conta o papel dos santuários e das peregrinações na pastoral diocesana. As peregrinações carregam «um ambiente que pode interpelar para uma vida cristã séria e comprometida. Os santuários são lugares procurados por multidões que, muitas vezes, pretendem encontrar um sentido para a vida. Os tempos mudaram e necessitamos de colocar as confrarias perante novos desafios », disse também o Arcebispo de Braga. Movimentos Antes de se referir ao estado das confrarias na arquidiocese, D. Jorge Ortiga falou dos movimentos de apostolado: «Quero dar graças a Deus pelos movimentos que temos — em número e qualidade dos seus membros. Não posso, porém, alhear-me a um certo medo do compromisso com a consequente diminuição de movimentos nas nossas paróquias. Seria ingrato se não os visse mas a verdade obriga-me a afirmar — e como seria bom que as comunidades se examinassem neste sector — que as visitas pastorais [dos bispos às paróquias, de cinco em cinco anos] manifestam a reduzida existência da vitalidade do espírito santo nas mesmas». «Será medo do compromisso, consequência duma vida desorganizada nos horários e das exigências do trabalho, ou pouco interesse no seu acompanhamento por parte dos responsáveis?», interrogou-se o Arcebispo Primaz, fornecendo pistas para uma avaliação. Além das confrarias e dos movimentos, na homilia D. Jorge Ortiga falou ainda da Família, centro das atenções do plano pastoral diocesano neste e nos próximos anos. «Estamos contentes com o mundo que nos rodeia? Não vemos que outros o constroem alheando-se dos nossos valores culturais?», alertou D. Jorge Ortiga, que também indicou o que a Igreja defende e espera: «lares cristãos fiéis, unos, indissolúveis, conscientes da sua vocação à santidade crescendo no amor e na doação à vida». Há, observou, «casais bons e maravolhosos mas que se fecham e não querem comunicar felicidade de ser um lar cristão», invocando «muitas desculpas de tempo, de incapacidades». Os cristãos e os casais que restringem os horizontes da sua vida cristã «à interiodade duma religião compensadora» estiveram na mira das críticas de D. Jorge Ortiga, segundo o qual com coragem todos os obstáculos se vencem. «A história testemunha que quando existe vontade, o resto acontece», disse também o Arcebispo Primaz, ao falar da necessidade de se apresentar a beleza de Deus e do cristianismo ao mundo através do protagonismo laical e familiar. Com este apelo, D. Jorge Ortiga quis inculcar nos cristãos de Braga os dois sentimentos realçados no congresso e no encontro, sábado em Roma, dos movimentos de leigos e novas comunidades eclesiais com o Papa Bento XVI: a beleza de ser cristão e a alegria de o comunicar. «Necessitamos de homens e mulheres, rapazes e raparigas, que experimentem que o cristianismo é a maior beleza do mundo. Não precisamos de condenar as outras experiências nem aceitar as depreciações que são formuladas. Só quem experimenta se pode sentir cristão», afirmou ontem D. Jorge Ortiga diante da imagem de Nossa Senhora do Sameiro, frisando que só assim haverá um «apostolado convincente».

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