Covid-19/Ecologia: Papa insiste no «apelo para se cancelar a dívida dos países mais frágeis»

Francisco salienta que «exploração do sul do planeta provocou um enorme deficit ecológico» na mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2020


Cidade do Vaticano, 01 set 2020 (Ecclesia) – O Papa Francisco renovou hoje o “apelo para se cancelar a dívida dos países mais frágeis” no contexto da pandemia Covid-19, lembrando que a “exploração do sul do planeta provocou um enorme deficit ecológico”.

“Não devemos esquecer a história de exploração do sul do planeta, que provocou um enorme deficit ecológico, devido principalmente à depredação dos recursos e ao uso excessivo do espaço ambiental comum para a eliminação dos resíduos”, escreveu na mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2020 que se assinala hoje.

Neste contexto, no documento enviado à Agência ECCLESIA, o Papa renova o “apelo para se cancelar a dívida dos países mais frágeis, à luz do grave impacto das crises sanitárias, sociais e económicas” que esses países têm de enfrentar na sequência do vírus Covid-19.

“É necessário ainda assegurar que os incentivos para a recuperação, em fase de elaboração e implementação a nível mundial, regional e nacional, se tornem realmente eficazes mediante políticas, legislações e investimentos centrados no bem comum e com a garantia de se alcançar os objetivos sociais e ambientais globais”, desenvolveu.

Segundo Francisco, é de igual modo “preciso restaurar a terra” e salienta que o “restabelecimento” de um equilíbrio climático é “extremamente importante”, por causa da “urgência em que a sociedade se encontra, “a ficar sem tempo, como lembram os filhos e os jovens”.

“Tem-se de fazer todo o possível para manter o aumento da temperatura média global abaixo do limite de 1,5 graus centígrados, como ficou consagrado no Acordo de Paris sobre o Clima: ultrapassar tal limite revelar-se-á catastrófico, sobretudo para as comunidades mais pobres em todo o mundo”, acrescentou.

O Papa assinala que, neste momento crítico, “é necessário promover uma solidariedade intra e intergeracional” e aponta para a “importante” Cimeira do Clima em Glasgow, no Reino Unido (COP 26), convidando cada país a “adotar metas nacionais mais ambiciosas para reduzir as emissões”.

Para Francisco o restabelecimento da biodiversidade “é igualmente crucial”, no contexto da “extinção de espécies” e da “degradação dos ecossistemas sem precedentes”, por isso, considera necessário “apoiar” o apelo das Nações Unidas para “preservar 30% da Terra como habitat protegido até 2030”.

“Exorto a comunidade internacional a colaborar para garantir que a Cimeira sobre a Biodiversidade (COP 15) de Kunming, na China, constitua um ponto de viragem no sentido do restabelecimento da Terra como casa onde, segundo a vontade do Criador, a vida seja abundante”, acrescenta.

O Papa Francisco alerta para um «novo tipo de colonialismo» apelando à proteção das comunidades indígenas de empresas, “particularmente multinacionais, que através da “extração perniciosa de combustíveis fósseis, minerais, madeira e produtos agroindustriais”, «fazem nos países menos desenvolvidos aquilo que não podem fazer nos países que lhes dão o capital», citando a sua encíclica ecologia e social ‘Laudato Si’.

O Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2020, que se celebra hoje, marca o início de um tempo ecuménico dedicado à criação, até 4 de outubro, memória de São Francisco de Assis, este ano vivido como um ‘Jubileu pela Terra’, e o Papa Francisco na sua mensagem recorda que, na Sagrada Escritura, o jubileu é “um tempo sagrado para recordar, regressar, repousar, restaurar e rejubilar”.

CB/PR

 

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Agência ECCLESIA

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