Novas respostas para crianças em risco

Jornadas sobre crianças institucionalizadas chegam ao fim, em Fátima O Estado tem que dar outro tipo de respostas a crianças em risco. Se as famílias não a possuem, outras respostas devem ser encontradas, sem recorrer a instituições, defende Catalina Pestana. “Há situações que não podemos manter. Quando os pais não são capazes de garantir a tutela, alguém tem que a exercer mas tem que ser afectiva, efectiva e generosa!”, afirmou a provedora da Casa Pia de Lisboa durante as Jornadas sobre as crianças institucionalizadas que hoje, 3 de Junho, terminaram em Fátima. Catalina Pestana falava às três centenas de participantes salientando que “vivemos “eventualmente o tempo mais complexo do pós-revolução francesa”. Actualmente existem 45 mil crianças em risco e 80 por cento deste risco ocorre em contexto familiar. “Até parece que as instituições são o mal do mundo mas, não são”. Apresentou o exemplo do Canadá, um país que não tem instituições de crianças mas em que estas vivem em famílias de acolhimento, apoiadas pelo Estado. A provedora da Casa Pia defendeu também que “é altura do Estado perceber que tem de articular as respostas porque as respostas sectoriais (no campo da saúde, da educação…) não resultam”, aconselhando as instituições religiosas que também trabalham nesta área a fazer ouvir a sua voz. Na perspectiva desta responsável situação como a de uma família que recebe três visitas num dia, de três assistentes sociais que fazem as mesmas perguntas “isto tem de acabar”. Porque “custa muito dinheiro” e porque “as famílias pobres têm direito à sua dignidade”. E deixou um alerta: “Se não queremos que uma situação como a que está a arder em Paris, é melhor agir preventivamente”. Catalina Pestana salientou que no processo educativo de crianças e jovens em risco é preciso “amar”. Mas isso não chega. É preciso educar as crianças para a liberdade responsável. “Também os contornos da felicidade podem ser educáveis mas, por trás da educação para uma felicidade construída da felicidade no rosto dos outros que amamos é necessário o privilégio de ter adultos referência que nos formem mais pelo que são do que pelo que nos ensinam”.

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