Núncio apostólico fala em «grande graça» e destaca traços dos pontífices que o marcaram
Lisboa, 28 ago 2020 (Ecclesia) – O arcebispo luso-canadiano D. José Bettencourt, núncio apostólico na Geórgia e Arménia, serviu dois Papas nas suas várias missões, como diplomata da Santa Sé, e fala de uma “grande graça”.
O responsável foi nomeado como chefe de protocolo quatro meses antes da renúncia de Bento XVI, tendo trabalhado depois com o Papa Francisco durante cinco anos, no Vaticano.
Para o entrevistado, o Papa emérito Bento XVI é o “gentleman dos gentlemen”, “uma figura que as imagens não são suficientes para dar a conhecer a pessoa que era”.
D. José Bettencourt recorda o episódio em que um embaixador, “um pouco nervoso”, deixou cair as cartas credenciais ao chão; Bento XVI “não esperou um segundo” para as apanhar e devolver ao diplomata.
O núncio apostólico destaca ainda “profundidade” da pessoa, como teólogo e ser humano, “muito atento”.
“Ele estava completamente presente à pessoa que estava à sua frente”, observa, a respeito do Papa emérito.
Quanto a Francisco, apresenta-o como um Papa de que é “difícil não gostar”, uma pessoa calorosa, “muita atenta, de braços abertos, disponível”
“Procura ao que é real e concreto, no momento”, precisa.
O primeiro Papa da América Latina, na história da Igreja Católica, fala de uma forma direta, sobre o dia a dia.
“É um pastor e isso vê-se”, observa D. José Bettencourt.
O representante diplomático sublinha que já teve de pedir ajuda ao Papa várias vezes, para assuntos pontuais, relativas ao serviço que desenvolve na Geórgia e na Arménia.
“Deu-me sempre mais do que eu esperava”, relata.
Francisco, acrescenta, é um Papa que também segue o protocolo, apesar da imagem em contrário.
“Sempre me disse: [protocolo] respeitoso e sóbrio”, indica o arcebispo.
D. José Bettencourt é o convidado de hoje no programa Ecclesia, na Antena 1 da rádio pública, pelas 22h45, e nas «Conversas aGOSTO», publicadas online de segunda a sexta-feira, a partir das 17h00.
OC