Vivência do amor a dois exige preparação adequada

Alerta do Bispo do Funchal Sendo a vida uma vocação ao amor, a pastoral familiar inicia a sua missão na educação à vida e ao amor. É necessário que os adolescentes e jovens descubram o plano e o sonho que Deus escreveu nos seus corações. Ao criar o homem, Deus chamou-o ao mesmo tempo ao amor. Estamos no centro do Evangelho, «Deus é amor» tanto ao chamar ao matrimónio como à virgindade consagrada». 1. Durante três anos, o Plano Pastoral Diocesano, tratou da família. Este tema é tão vasto, tão actual, e tão necessitado de estudo e orientações que faz parte do Plano geral de qualquer diocese, embora nem sempre tenha a prioridade. O Magistério da Igreja tem delineado percursos concretos para a Pastoral familiar, apresentando-os à atenção da comunidade cristã. A paróquia, quando é realmente missionária, deve procurar atender à fé das pessoas em todos os momentos e lugares onde ela se exprime. Os adultos para se deixarem atrair aos processos de formação, devem sentir-se acolhidos e escutados em tudo o que diz respeito à sua existência: o trabalho, o repouso, os afectos que dizem respeito à relação entre os esposos e os pais com os filhos. A vida afectiva da família, e o Papa Bento XVI bem o acentuou na encíclica «Deus Caritas est», constitui um campo privilegiado do testemunho de Cristo ressuscitado. Sendo a vida uma vocação ao amor, a pastoral familiar inicia a sua missão na educação à vida e ao amor. É necessário que os adolescentes e jovens descubram o plano e o sonho que Deus escreveu nos seus corações. Ao criar o homem, Deus chamou-o ao mesmo tempo ao amor. Estamos no centro do Evangelho, «Deus é amor» tanto ao chamar ao matrimónio como à virgindade consagrada. Evangeliza, e por isso educar as novas gerações ao amor como dom de Deus e oferta de si mesmos, é levá-los à descoberta da sexualidade como lugar do dom, ajudando-os a viver com alegria a castidade como virtude que desenvolve a autêntica maturidade da pessoa e os torna capazes de respeitar e promover o significado esponsal do corpo». A pastoral familiar não se reduz à preparação dos jovens para o matrimónio, mas a acompanhá-los num encontro pessoal com Jesus Cristo que os convida a segui-lO nas estradas do amor. Preparação para o matrimónio 2 – Um dos temas que merece uma atenção especial e constitui um dos capítulos mais urgentes e delicados da pastoral familiar, é o dos noivos. Em todas as dioceses intensifica-se hoje a preparação e o acompanhamento dos noivos ao matrimónio, de forma que este se torne um caminho de fé para conhecer Deus que é fonte e garantia do verdadeiro amor, a Palavra de Deus e os sacramentos que ajudam no caminho difícil e escorregadio do amor. A preparação para o matrimónio, com todos os temas importantes que trata, deve tornar-se um caminho educativo e itinerário de fé, para uma inserção no mistério de Cristo e da Igreja. Não devemos perder a coragem com alguns insucessos aparentes ou reais na preparação dos noivos para o matrimónio. O confronto com a realidade, por vezes negativa e dolorosa, deve levar-nos a ser ainda mais corajosos, e «dar razão da esperança que habita em nós» como afirma São Pedro na sua carta aos cristãos, imersos num mundo pagão (1 Ped. 3, 15). A nossa diocese tem de integrar a preparação para o matrimónio no seu projecto educativo. Os noivos devem ter a possibilidade de encontrar o rosto de Cristo e da Igreja esposa de Cristo, de sentirem-se acolhidos e acompanhados na descoberta do grande sacramento do matrimónio. Usar da «manga larga» para admitir os noivos ao grande sacramento do matrimónio sem preparação, não é gesto de caridade e acolhimento, mas de falta de responsabilidade que grava sobre a consciência de quem assim procede e leva um casal a receber um sacramento como se fosse um acto mágico. Os jovens noivos têm necessidade de interrogar-se sobre a vocação ao matrimónio, a fazerem opções responsáveis, a orientarem-se para a exclusividade da relação, a descobrirem a beleza do significado esponsal do corpo e prepararem-se para o definitivo dom total de si mesmos. «O meu noivo não tem fé» 3 – Como proceder se um dos noivos não é crente, mesmo que participe num curso de preparação para o matrimónio? Se um noivo não acredita, o matrimónio para ele não é uma opção de fé, vai participar numa festa religiosa que termina com a missa? Como viverão depois a sua relação com o transcendente? Um vai à Igreja, o outro não! Um reza, o outro não sente necessidade de o fazer! Vão baptizar os filhos? Como vão crescer e ser educadas estas crianças? Não é preciso rezar, dizia uma criança da catequese, porque meu pai nunca reza, se é importante ir à missa, o meu papá não põe os pés na Igreja, nem se confessa, nem comunga! Algumas jovens dizem: após o casamento vou levar o meu esposo à Igreja. Infelizmente nem sempre o conseguirá. Depois…como vão reagir perante a indissolubilidade do matrimónio, o aborto, o número de filhos? Antes do matrimónio é necessário um diálogo sério, respostas sinceras e bem esclarecidas dos futuros esposos. O que tem fé deve decidir se convém ou não unir-se em matrimónio com um descrente. E se o fizer, deve pedir a Deus a graça de semear amor e perdão com gratuidade, confiando no poder da graça divina recebida no sacramento, na oração quotidiana e na sagrada eucaristia. Funchal, 28 de Maio de 2006 † Teodoro de Faria, Bispo do Funchal

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