Misericórdias têm de mostrar o seu poder social ao país

As misericórdias têm de mostrar à opinião pública que o país não pode passar sem o desempenho social que executam, no dia-a-dia, no interior das suas valências. Esta meta só é, no entanto, exequível se aquelas instituições apostarem, de forma determinada, num projecto sustentado de comunicação e relações públicas. Esta foi uma das grandes linhas de força traçadas no último dia do II Congresso das Misericórdias do Norte, que encerrou este sábado, em Vila Real. «O poder que se possa ter – e as Misericórdias têm-no – se não se mostrar e exibir até, é um poder que não existe», advertiu Leonor Beleza, presidente da Fundação Chanpalimaud, convidada para falar numa mesa redonda sobre o tema “As Misericórdias no diálogo civil”. A ex-ministra da Saúde salientou que, tal como as Misericórdias no diálogo com o Estado, «quem tem poder e não o utiliza, fazendo- o sentir em Lisboa, está a ser excessivamente benevolente ». Leonor Beleza recordou aos cerca de 350 congressistas, que estiveram nos últimos dois dias reunidos nas instalações da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que as Misericórdias têm uma «implantação única no país» e que dispõem de «uma rede capaz e de grande importância para responder às necessidades da sociedade». Salientando que «foram as primeiras e são a única rede a tratar de forma adequada as questões relacionadas com o tratamento e acompanhamento de crianças e idosos», a ex-governante lembrou que o país tem «regredido em questões sociais», pelo que considera que as Misericórdias terão um papel importante para inverter a actual situação. O jornalista Carlos Magno, também ele convidado a intervir na mesa redonda, indicou que «o país conhece mal as Misericórdias, à excepção da altura de eleições internas», quando surgem nos jornais notícias sobre polémicas que se geram nesses períodos. «É preciso que as Misericórdias consigam colocar- -se, com alguma regularidadde, na agenda dos órgãos de comunicação social», desafiou o comunicador. Carlos Magno aconselhou aquelas instituições a unirem-se mais, a celebrarem conjuntamente um dia nacional e a passarem a falar em «Rede de Misericórdias », pois isso torná-las-á mais “apetecíveis” à comunicação social nacional. O jornalista defendeu ser necessário «retirar as Misericórdias de uma espécie de memória fantasma» que lhe parece estarem relegadas. E, concluiu, indicando que «uma boa imagem pública facilitará o diálogo das Misericórdias com o próprio Estado». Por seu turno, o Pe. Silva Araújo avisou os congressistas que «não basta que trabalhem; é preciso que mostrem». Aquele interveniente, convidado pela organização do congresso, salientou que «as Misericórdias não podem ter a veleidade de serem uma ilha, isolando-se do mundo que as cerca» e da comunidade que servem. E acrescentou que essa mesma comunidade, por sua vez, «precisa de conhecer que serviços pode solicitar às Misericórdias e ajuizar da sua utilidade e das suas vantagens. O ex-director do Diário do Minho recomendou, por isso, que as Misericórdias apostem num «bom serviço» de comunicação e relações públicas, já que defende que «não existe diálogo sem comunicação». Monsenhor Silva Araújo frisou que «dialogar é cumprir o dever de ouvir e exercer o direito de falar» e, tudo isto resulta numa conclusão: «as Misericórdias devem informar-se e devem informar ».

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