Condenados à pobreza e miséria por uma ordem mundial injusta

Cerca de seiscentos congressistas de 74 países reunidos em Barcelona no Congresso Internacional das Associações de Médicos Católicos (FIAMC 2006 Barcelona ), no último fim de semana, condenam a pobreza e miséria a que são votados milhões de pessoas pela globalização desumana. Rejeitam também a ”medicina de desejo” que deixa grande parte da humanidade sem cuidados básicos. Denunciam a ajuda condicionada com a aceitação de práticas de aborto, contracepção e esterilização.. Jordi Cervos tratou no congresso do sensacionalismo, vaidade e pressões económicas como grandes tentações do investigador científico. Considera que o termo pré-embrião não tem nenhuma justificação científica e se destina a criar condições de opinião para medidas abortivas. Este grande especialista discorreu igualmente sobre ética nas situações de morte. Na mesa ecuménica, que terminou com oração, representantes de várias Igrejas apresentaram as suas posições ético-religiosas sobre o significado e valor da vida humana,. Constituiu um ponto alto que terminou com a distribuição de uma declaração conjunta: Nela reafirma-se a fé no Deus que por seu Filho Jesus Cristo criou o homem à sua imagem, fundamento da dignidade humana. Rejeita qualquer uso do ser humano como meio ou instrumento, e afirma o ser humano como sujeito de direitos, em primeiro lugar o direito à vida deste a concepção. Defende que o médico deve usar com todo o doente o seu saber e competência e ainda a “consolação, a compreensão e verdadeira compaixão”. Considera ilícito “procurar ou antecipar intencionalmente a morte de um ser humano”. No Congresso foi eleito o novo presidente, secretário e a restante equipa da FIAMC para os próximos três anos, sendo eleito presidente o médico espanhol José Maria Simón e secretário o médico italiano Salvini Leone. Dado que o tema central do congresso foi a pobreza, foram apresentadas muita experiências de projectos de luta contra a pobreza, a miséria , de cuidados de saúde a populações pobres, promovidos por grupos e associações de médicos e organismos e institutos religiosos da Igreja em todo o mundo.. Esta faceta foi complementada com a exposição de stands sobre as suas actividades mundiais. Relativamente ao tema da pobreza e à sua erradicação, o congresso mostrou-se céptico com os projectos dos políticos e técnicos mundiais. Por um lado os .0,7% do PIB que cada país desenvolvido decidiu destinar para o desenvolvimento dos países de fome, só cinco países da Europa o fazem. Por isso não será em 2015 que conseguirão debelar a fome, mas tais objectivos serão atingidos apenas em 2150, como lembrou criticamente o Cardeal Martino. Também se opinou que os projectos de todas as organizações da Igrejas e doutras ONG, somadas, a favor de pobres, doentes e outros necessitados, acabam por ombrear, nos resultados, com os dos organismos das Nações Unidas e doutros países ricos. Impressionou a assembleia a experiência da médica Jenny de la Torre com os sem abrigo da cidade de Berlim. Ficou evidenciado que muitas pessoas da rua a viver na miséria mais desumana não têm direito a nada e, por vezes, nem sequer “existem” para o país. Num mundo de abundância são como inexistentes. Mortos vivos!… Um nota inovadora do congresso foi o simpósio de psicólogos católicos que funcionou paralelamente no congresso com temas próprios. Além doutros muitos temas, foram apresentadas as terapias do perdão, as crises do homem actual, o sentido de responsabilidade, a missão e transcendência, etc.

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