Igreja da China provoca a Santa Sé

A Associação Patriótica Católica (APC) da China voltou a provocar a Santa Sé, após a ordenação de mais um Bispo sem autorização do Papa, ameaçando que não vai ficar sujeita a nenhum domínio estrangeiro. O vice-presidente da APC, Liu Bainian, continuou a sua estratégia de confronto aberto ao afirmar que “a China nunca permitirá à Igreja do país ficar sujeita ao domínio estrangeiro, nem actuar como a Igreja da era semi-colonial”. Em entrevista à agência oficial “Xinhua”, Liu Bainian defendeu a escolha de bispos independentemente do Vaticano ao afirmar que “a prática de (os bispos) serem designados pelo Papa começou há apenas 200 anos”. Liu disse que, na maior parte da história do catolicismo, o bispo foi “eleito pelos fiéis, confirmado pelo imperador e consagrado por uma diocese vizinha”. Este responsável foi mais longe e disse mesmo que “o próspero desenvolvimento da Igreja chinesa deve-se totalmente à prática nacional, com muitos anos de tradição, de escolher e ordenar os seus próprios bispos”. Nos últimos meses, a APC lançou uma violenta campanha, destinada a evitar qualquer aproximação entre Pequim e o Vaticano. Vários contactos informais têm sido desenvolvidos desde que Bento XVI sucedeu a João Paulo II, fazendo do estabelecimento de relações diplomáticas com a China uma das suas prioridades, algo que a APC vê como um perigo para a organização. O “degelo” nas relações entre a China e o Vaticano, que já tinha sido confirmado pelo Secretário do Vaticano para as relações com os Estados, Arcebispo Giovanni Lajolo, fez com que o Vaticano não ordenasse Bispos da Igreja “clandestina” em troca da palavra final na ordenação dos Bispos da Igreja “oficial”. Nas últimas semanas, contudo, a APC ordenou três bispos sem o consentimento do Papa e, após os dois primeiros casos, a Santa Sé emitiu um comunicado invulgarmente duro, no qual classifica estas ordenações como “uma grave violação da liberdade religiosa”. O comunicado exigia o respeito “da liberdade da Igreja e da autonomia das suas instituições perante qualquer ingerência externa”. A Associação Patriótica Católica (APC) da China, autorizada e controlada pelo regime de Pequim, tem empreendido uma campanha de confronto com a Santa Sé, que esta considera “uma grave ferida para a unidade da Igreja”. Embora o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina” conta mais de 8 milhões de fiéis.

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