Revisão da matéria

Um olhar sobre a Mensagem de Bento XVI para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais Uma leitura tranquila da Mensagem do Papa Bento XVI para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais revelou-me a expectativa de Sua Santidade em relação aos media: que sejam protagonistas da verdade e promotores da paz que dela deriva – cumprindo, deste modo, a sua vocação de redes de comunicação, de comunhão e de cooperação. Nada, por certo, de realmente novo, tendo em conta o que pode ler-se noutros documentos eclesiais sobre o tema…Trata-se, enfim, de rever a matéria dada!… Mas, ainda assim, nunca é demasiado recalcar algumas ideias que a Mensagem aflora: a revolução tecnológica não pode importar mais que a qualidade humana das mensagens informativas; a parcialidade lucrativa não pode reduzir a informação a simples mercadoria; os comunicadores devem estar próximos das pessoas e não apenas falar delas ou para elas; devem também fugir do parcial e do transitório, apostando na difusão das «verdades fundamentais» e no «significado profundo da existência humana, pessoal e social»; devem recusar práticas persuasivas e manipuladoras. Num mundo apressado e superficial, onde o “achismo” (eu acho que…) pesa mais que as convicções, Bento XVI pede «uma cuidadosa crónica dos acontecimentos, uma explicação satisfatória dos assuntos de interesse público, uma apresentação honesta dos diversos pontos de vista»; pede que ninguém se contente com a quantidade e com verdades parciais ou transitórias. Ou seja: contraria o fogo-fátuo de muitos noticiários e jornais onde, para usar a denúncia de Ricardo Haye (“La rádio del siglo XXI”), não há espaço para a simplicidade relevante de cada dia, pois todas as atenções se centram nalgumas instituições. Enfim, a generalidade engole as particularidades as macro-categorias anulam a dimensão pessoal. Sublinhando a responsabilidade dos comunicadores, a Mensagem do Papa não esconde, entretanto, a responsabilidade dos receptores. De facto, também estes têm obrigações — a primeira das quais é discernir e seleccionar. Para tanto, citando João Paulo II, o Santo Padre defende a necessidade de formação, participação e diálogo – de modo que os media sejam usados de modo inteligente e apropriado. Isto remete-nos para a responsabilidade de muitos educadores que criticam mas não colaboram, abdicando da educação para os media, a cuja formatação entregam crianças e jovens. Porventura, em nome das suas fadigas… Bom seria – digo eu – que o Dia Mundial das Comunicações Sociais fosse aproveitado (também) para iniciativas neste campo da formação. E que, nas nossas igrejas particulares, todos pensássemos como melhor servir e melhor nos servirmos dos meios de comunicação social; sob pena de olharmos púlpitos a que não acedemos, cumprindo mal o dever de comunicar uma Palavra que toca os corações… Pe. João Aguiar, presidente do Conselho de Gerência do Grupo Renascença

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Agência ECCLESIA

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