Igreja descodifica «novas revelações» sobre Jesus

A mediatização de fenómenos como “O Código da Vinci” e o chamado “Evangelho de Judas”, anunciados como “novas” (ou mesmo as “definitivas”) revelações sobre a vida de Jesus, têm gerado, um pouco por todo o mundo, uma forte reacção do mundo católico, interessado em explicar as verdades fundamentais da fé que são agora colocadas em causa. Nos EUA, por exemplo, foi lançado o site “Jesus Decoded”, promovido pela Conferência de Bispos Católicos do país, acompanhado por um documentário com o mesmo título. Outras conferências episcopais também difundiram respostas claras ao livro, como por exemplo as do México, Polónia e Brasil. A ideia de fundo, presente na Internet, mas também em livros, revistas e outros media católicos, é apresentar elementos de análise e reflexão às pessoas que se confrontem com estas obras. Um leitor ou um espectador pouco informado constituem, deste ponto de vista, um perigo maior do que uma obra romanceado ou valorizada para além da sua real importância. Vários Cardeais da Cúria Romana têm-se manifestado contra a validação das teorias apresentadas por Dan Brown, que geraram uma espécie de versão própria do Cristianismo. À mentira, dizem, é preciso reagir com a verdade e com o máximo de informação possível. Um documentário televisivo da “Rome Reports” apresenta várias opiniões de Cardeais e autoridades do Vaticano, procurando responder a perguntas como “Leonardo Da Vinci usou a sua arte para revelar segredos sobre o Santo Graal?” ou “É o Opus Dei uma organização secreta que tem assassinos entre os seus membros?”. O Opus Dei é uma das instituições mais atingidas pelo romance e assim não surpreende que a sua página na Internet dedique uma secção especial ao “Código da Vinci” (www.opusdei.pt/sec.php?s=658). Ali se apresentam respostas a questões colocadas pelo romance sobre a vida de Jesus Cristo, a Igreja Católica e o Opus Dei. o semanário francês “Famille Chrétienne” vai, ao longo das próximas quatro semanas, publicar uma série de quatro números relativos ao “Código da Vinci”, que se estreia nos cinemas, para discutir a ambiguidade entre ficção e história, uma das chaves do sucesso de Dan Brown. O jornal católico italiano “Avvenire” também acaba de criar uma secção especial (www.avvenireonline.it/shared/codicedavinci/index.html), antecipando a estreia do filme e procurando “redescobrir a verdade sobre a Igreja e sobre a sua história” em contraponto ao que classifica como “uma colossal mistificação”. Da América Latina chega um curso na Internet, intitulado “As chaves da Verdade sobre «O Código Da Vinci»”, iniciado no dia 13 de Maio (www.cirilus.net/index.php?curso=claverdad). O próprio site do autor refere-se a “O Código da Vinci” como “um Romance, isto é, uma obra de ficção”, lembrando que “as personagens do livro e as suas acções, evidentemente, não são reais ” apesar de em 2003 se afirmar, no mesmo local que o romance estava “totalmente” baseado em factos reais. Segundo Brown, todos os documentos secretos citados e as descrições de obras de artes, edifícios e rituais secretos são exactos. O facto de o autor falar num “monge” do Opus Dei, contudo, é por si só uma boa lição sobre a capacidade de pesquisa de Brown, que também apresenta um Papa que lança ao Tibre as cinzas dos Templários que ele supostamente exterminou, exactamente na época em que o Papado estava no desterro de Avinhão.

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