Nova ordenação episcopal dificulta diálogo com a Santa Sé A Associação Patriótica Católica da China (APC) ordenou ontem um novo Bispo, sem o consentimento do Papa, numa decisão que irá aumentar a tensão entre Pequim e o Vaticano. Esta é a terceira ordenação episcopal sem aval pontifício nas últimas semanas. Após os dois primeiros casos, a Santa Sé emitiu um comunicado invulgarmente duro, no qual classifica estas ordenações como “uma grave violação da liberdade religiosa”. O comunicado exigia o respeito “da liberdade da Igreja e da autonomia das suas instituições perante qualquer ingerência externa”. A Associação Patriótica Católica (APC) da China, autorizada e controlada pelo regime de Pequim, tem empreendido uma campanha de confronto com a Santa Sé, que esta considera “uma grave ferida para a unidade da Igreja”, lembrando que o Código de Direito Canónico prevê a excomunhão do Bispo, que sem mandato pontifício, conferir a alguém a consagração episcopal e também daquele que é consagrado (cân. 1382). Este Domingo, nenhum Bispo esteve presente na cerimónia de ordenação de Zhan Silu, de 45 anos, acompanhado por cerca de 500 fiéis e 13 padres. Para a agência católica AsiaNews, o novo prelado da APC está condenado ao “isolamento” na diocese de Mindong (Fujian), onde há 80 mil católicos, mas apenas 10 mil fiéis à Igreja “patriótica”. A AsiaNews refere ainda que, ao longo da última semana, os fiéis foram “forçados a participar na cerimónia” deste Domingo. D. Zhan disse à imprensa que informou por escrito ao Vaticano da sua nomeação, mas ainda não recebeu resposta alguma. O vice-presidente e porta-voz da Associação Patriótica, Liu Bainian, declarou à imprensa que “os bispos foram escolhidos por sacerdotes e fiéis de acordo com as eleições democráticas, depois de rigorosos testes de qualificação”. Embora o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina” conta mais de 8 milhões de fiéis, que são obrigados a celebrar missas em segredo, nas suas casas, sob o risco de serem presos.