Crisma, sacramento da maturidade cristã

Repensar a evangelização a partir da realidade quotidiana As novas experiências no campo da iniciação cristã integram os próprios pais. Os adultos têm dificuldade em transmitir uma fé que mal entendem e vivem. Algumas paróquias estão a preparar os pais para que sejam eles a ministrar a catequese aos seus filhos, nas suas casas. É a missão da autêntica Igreja doméstica. Outro método consiste em preparar pais e filhos em conjunto, com propostas de encontros familiares mensais sob a forma de celebração. Estas acções tendem a formar um grupo de acompanhamento dos mais novos que tem a missão do catequista actual. 1. Com o tempo pascal recomeça na Igreja o grande período do sacramento da Confirmação para os nossos jovens. É um dos momentos mais belos da liturgia cristã, tanto para os crismandos como para as famílias. Como poderiam a Igreja e as famílias não se preocuparem com a educação cristã das novas gerações? É missão da paróquia e também dos pais preparar os seus jovens para os sacramentos da iniciação cristã, desde o primeiro anúncio até à descoberta e empenhamento da sua vocação missionária. «A fé, escreve um bispo da Igreja, não nasce das lições do catecismo, mas das relações vividas no horizonte do testemunho». Por outras palavras, a catequese não penetra no coração juvenil, não produz raiz, nem dá fruto se não for acompanhada pelo testemunho familiar. Comunidade cristã evangelizadora e família são o ventre onde se gera e cresce a iniciação cristã das crianças e adolescentes. Daí surge a necessidade de uma estratégia que tenda a evangelizar os adultos juntamente com os adolescentes. Os catecismos que renovam a catequese passaram, de catecismos para «doutrina cristã» para «catecismos para a vida cristã». A finalidade da catequese é criar uma mentalidade de fé, apresentar como conteúdo central a figura de Jesus Cristo, beber a doutrina nas fontes da Revelação ou seja a Bíblia, a liturgia e a tradição cristã, com a metodologia de ser fiel a Deus e aos irmãos. 2 – Na realidade o que constatamos com os nossos crismados é que 2 ou 3 em cada 4 jovens deixam a prática religiosa até à idade de contrair o matrimónio, ou até ao fim da vida. Como transformar a paróquia em comunidade missionária para que o processo catequético da iniciação cristã atinja a idade adulta e alimente a vida cristã? A Igreja tem capacidade para gerar a fé nos seus filhos, mas precisa de uma comunidade cristã adulta, apaixonada e fiel a Jesus Cristo, e não apenas uma comunidade que professa uma doutrina e participa semanalmente nalguns ritos religiosos. As novas experiências no campo da iniciação cristã integram os próprios pais. Os adultos têm dificuldade em transmitir uma fé que mal entendem e vivem. Algumas paróquias estão a preparar os pais para que sejam eles a ministrar a catequese aos seus filhos, nas suas casas. É a missão da autêntica Igreja doméstica. Outro método consiste em preparar pais e filhos em conjunto, com propostas de encontros familiares mensais sob a forma de celebração. Estas acções tendem a formar um grupo de acompanhamento dos mais novos que tem a missão do catequista actual. Comunidade, família e grupo de acompanhamento, procuram tornar a catequese paroquial geradora de vida. Uma vez por mês, quando isso é possível, as famílias e adolescentes têm um encontro como forma de recuperar a própria identidade de fé e de comunidade. Estes encontros prevêem reuniões separadas de pais e filhos e outras em conjunto, celebração da eucaristia e refeição em comum. Em vez dos encontros semanais da catequese preferem-se os de quinze dias ou mensais, mais longos, unindo a dimensão da fé à vida social. Os adultos são chamados a tornarem-se protagonistas no caminho catecumenal dos próprios filhos e da sua fé, de uma forma mais pessoal e responsável. As crianças e adolescentes tornam-se, de alguma forma, evangelizadores dos próprios pais e são por eles também evangelizados. 3 – Tudo isto parece difícil e até mesmo uma utopia. Mas a nossa sociedade deve começar a ter consciência do grave problema da educação dos filhos e das novas gerações. Não se consegue educar senão operando em conjunto, trabalho que exige fadiga, mas está em causa a formação cristã das novas gerações. É necessário algum tempo para preparar este terreno dentro de uma paróquia em união com as paróquias vizinhas. Não convém que seja uma imposição diocesana, para não gerar resistências. Para isso precisamos de párocos disponíveis e motivados. Para esta missão deve-se recorrer principalmente às mães de família, tanto mais que o nível de prática religiosa das crianças e adolescentes é mais influenciado pela mãe do que pelo pai. Perante a crise que atinge os jovens após o crisma, e sobre a qual ouvimos lamentações constantes, este método de renovar a catequese a partir da educação dos pais no primeiro anúncio da vida cristã, encontrará resistências, mas nos casos em que for aceite, renova a família e torna os seus membros mais responsáveis pelos compromissos que tomaram perante Deus no seu baptismo e no sacramento do matrimónio. Funchal, 14 de Maio de 2006 † Teodoro de Faria, Bispo do Funchal

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