«Colocar a pessoa humana no centro» é o repto da LOC/MTC
Lisboa, 23 jun 2020 (Ecclesia) – A equipa nacional da Liga Operária Católica/Movimento dos Trabalhadores Cristãos de Portugal (LOC/MTC) defendeu a “proteção social de serviços públicos e de acesso universal”, perante a atual crise, por uma “economia justa e sustentável”.
“Apelamos a uma onda de solidariedade e sentido de comunidade, para a defesa de um Serviço Nacional de Saúde público e de qualidade. Uma comunicação social isenta, verdadeira e independente. Uma justiça fiscal para resolver as desigualdades. Uma justiça isenta, célere e promotora de confiança cívica”, lê-se num comunicado enviado pelo coordenador nacional da LOC/MTC, Américo Monteiro Oliveira, à Agência ECCLESIA.
Os Trabalhadores Cristãos de Portugal comprometem-se a “aprofundar” as possibilidades da aplicação “de um Rendimento Básico Incondicional e Universal”, uma das reivindicações do Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos, aprovada na sua Assembleia Geral Mundial, em 2013.
Como cristãos no mundo do trabalho, queremos ser portadores de sinais de esperança, abertos ao diálogo com todos, na procura das melhores ideias e sugestões que sirvam a toda a comunidade”.
No dia 20 de junho, a equipa nacional da LOC/MTC reuniu 20 dirigentes das dioceses católicas onde o movimento está implementado, para refletir ao longo de “quase seis horas” sobre a vida do movimento nas dioceses e a nível nacional e sobre a “realidade no mundo do trabalho nestes tempos de crise sanitária e crise económica”.
“Escutámos pessoas que ficaram desempregadas, cuidadores, em lay-off e em teletrabalho, alguns com filhos a ser acompanhados no processo escolar. É comum a incerteza, o medo e, no caso do teletrabalho, a saturação pelos múltiplos “papéis” que se têm de desempenhar em espaços diminutos”, desenvolve, salientando que o teletrabalho pode “trazer algumas vantagens” mas também “levanta muitas interrogações” e é um assunto a “precisar de ser rigorosamente regulamentado”.
A Liga Operária Católica/Movimento dos Trabalhadores Cristãos de Portugal recorda que em três meses, desde o confinamento originado pela pandemia Covid-19, “mais de 100 mil trabalhadores” se inscreveram nos Centros de Emprego, “há quase um milhão de trabalhadores em situação de lay-off”, que implica uma “perda de 1/3 nos seus salários”.
Novas situações de exploração e de pobreza estão aí, por vezes pobreza encapotada. Também muitos gestos de solidariedade e de disponibilidade colocados ao serviço dos outros na busca de respostas que ultrapassem as situações de sempre, de respostas caritativas. Estas são para os casos de emergência e é o que estamos a viver, mas necessitamos dar destaque e reforçar as soluções participativas e solidárias.”
Segundo a LOC/MTC uma mensagem de “esperança também circula” para que se ultrapasse “a cultura da indiferença e do descarte” e observa que a pandemia fez “reconhecer o valor e importância de profissões indispensáveis” à sobrevivência e “normalmente mal remuneradas e pouco reconhecidas”, como trabalhadores da limpeza, dos setores da agricultura, da distribuição, da alimentação, cuidadores.
CB/OC