A novidade do documento que a Santa Sé publicou esta quinta-feira sobre o reconhecimento legal das uniões homossexuais está na abordagem desde a perspectiva da ética política. A afirmação é do Ángel Rodríguez Luño, a quem a Santa Sé pediu o comentário do texto apresentado à imprensa. «O Documento aborda um aspecto novo, que é o da ética política; não se ocupa da ética pessoal, analisada anteriormente em outros documentos», explica em declarações a Zenit este filósofo, hoje professor de moral. O professor Rodríguez, docente de moral na Universidade Pontifícia da Santa Cruz de Roma, constata que com a equiparação das uniões homossexuais ao matrimónio este ficará redefinido, mudado. «Não se trata em nenhum caso de discriminação às pessoas homossexuais –adverte– mas de garantir a justa actuação do Estado neste campo concreto». A nota de Rodríguez Luño, publicada pela Sala de Imprensa da Santa Sé ao distribuir o documento, recorda que «todas as grandes culturas do mundo deram ao matrimónio e à família um reconhecimento institucional específico». Para este consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, «o destaque público do matrimónio não se fundamenta no facto de ser uma forma qualquer institucionalizada da amizade ou de comunicação humana, mas na sua condição de estado de vida estável que desenvolve uma função essencial e multiforme a favor do bem-comum: ordem das gerações, sobrevivência da sociedade, educação e socialização dos filhos».
