A China afirmou hoje querer melhorar as suas relações com o Vaticano, rejeitando, contudo, as críticas feitas esta manhã após a ordenação de dois Bispos da Associação Patriótica Católica sem o aval do Papa. “Desejamos sinceramente melhorar as relações entre a China e o Vaticano e temos feito esforços verdadeiros”, declarou o ministro chinês dos negócios estrangeiros, num comunicado publicado após a declarações oficial emitida pela Santa Sé, condenando a ordenação de Bispos sem autorização pontifícia. Afirmando que estes Bispos foram nomeados através de “processos democráticos” o ministro considerou “desprovidas de razão” as fortes críticas presentes no comunicado da Santa Sé (ver notícia relacionada). “Esperamos que o Vaticano respeite a voz da Igreja Católica da China e dos seus fiéis, criando uma atmosfera favorável à melhoria das relações”, acrescentou o chefe da diplomacia chinesa. O bispo chinês Liu Xinhong, designado por Pequim sem a aprovação do Vaticano, prometeu na sua primeira Missa como prelado “respeitar as leis estaduais, defender a união nacional e a harmonia social”, lemas freqüentes do regime comunista, informou hoje o jornal “South China Morning Post”. As últimas ordenações sem o aval do Papa tinham acontecido em 2000, com 5 novos Bispos da APC, e levaram a um congelamento das negociações entre a China e a Santa Sé para o restabelecimento de relações diplomáticas. Segundo a agência católica AsiaNews, do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras, o Vaticano teria ainda feito uma última tentativa, ao longo da passada terça-feira, para impedir a ordenação de Liu Xinhong, tendo mesmo enviado uma mensagem pessoal ao novo Bispo, na qual lhe pedia que se afastasse deste processo de ordenação gerido pela APC. A AsiaNews adianta que outras 20 ordenações sem a autorização do Papa terão lugar num futuro próximo, fruto da política de confronto do todo-poderoso Liu Bainian, vice-presidente da APC, que tem como objectivo a construção de uma Igreja nacionalista, totalmente separada de Roma. Esta decisão é um rude golpe nas negociações que vinham a ser levadas a cabo desde o início do pontificado de Bento XVI. Nos últimos anos, por outro lado, Pequim e a Santa Sé tinham um acordo de cavalheiros, que dava ao Papa a última palavra sobre qualquer candidato à ordenação episcopal e que agora é quebrado de forma clara. No Vaticano a opção do regime chinês em favor da APC é vista como uma decisão muito grave – sacrificando de forma evidente o restabelecimento das relações diplomáticas com a Santa Sé a questões de política interna. Notícias relacionadas • Santa Sé condena ordenações episcopais na China