A cidade de Lisboa vai receber, de 25 a 27 de Maio de 2006, o XXVI Congresso Mundial da União Internacional dos Empresários Cristãos (Uniapac) sob o tema “Reforçar os líderes empresariais para servir a humanidade no mundo moderno”. Esperam-se cerca de mil empresários de todo o mundo para este Congresso, desafiados a reflectir sobre como “promover uma liderança responsável enquanto executivos cristãos”. A Uniapac congrega cerca de 45 mil gestores e empresários em todo o mundo. Entre os oradores convidados destacam-se o Cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz; Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, e Bertrand Collomb, presidente do Conselho Consultivo da LAFARGE, que lidera o fabrico mundial de cimento. Uma série de personalidades ligadas ao mundo dos negócios, da filosofia e da Igreja irá intervir neste Congresso. Para a Uniapac é essencial fazer face aos desafios do mundo actual “favorecendo e fortalecendo a vocação dos investidores e gestores de boa vontade, em todo o mundo, com o objectivo de os fazer melhores servidores do bem comum e do desenvolvimento dos outros”. Durante os trabalhos serão estudados os princípios da Doutrina Social da Igreja e as melhores práticas para os executivos, com conferências dos especialistas convidados e testemunhos dos participantes. Em cima da mesa estarão questões como “quais são os desafios mais decisivos para os executivos no nosso tempo?”. Os participantes procedem de todos os continentes, motivo pelo qual se oferece um serviço de tradução em inglês, espanhol, português, francês e italiano. “Não estão convidados a unir-se a nós e sentar-se, escutar e, de vez em quando, aplaudir educadamente. Estão convidados a participar”, explica Benoit Bonamy, secretário-geral de Uniapac, ao apresentar o Congresso. “Não temos lições a dar, mas, graças àqueles que participarão, temos experiências e pontos de vista a confrontar e compartilhar juntos”, acrescenta. O encontro será celebrado no Centro Cultural de Belém, e as celebrações eucarísticas inaugural e conclusiva acontecerão no Mosteiro dos Jerónimos. Prevê-se também uma peregrinação ao Santuário de Fátima, a 28 de Maio. O programa do Congresso (em inglês) encontra-se disponível em www.ecclesia.pt/acege/programa_congresso.pdf 45.000 Empresários e Gestores Cristãos A Uniapac é uma associação internacional de empresários e gestores, é uma associação que congrega associações nacionais com o mesmo tipo de preocupações da ACEGE e onde a ACEGE se encontra filiada. É uma associação que está presente em 27 países e que congrega cerca de 45 mil membros. É importante sabermos que existem no mundo cerca de 45 mil pessoas, gestores e empresários que partilham connosco as nossas preocupações e que se preocupam em pensar e em debater temas iguais aqueles que nos preocupam. Tem a sua sede em Bruxelas e está organizada regionalmente. Existe a Uniapac Internacional, que é uma estrutura a nível mundial, cujo Presidente é o senhor Etienne Wibaux que está dividida por grandes regiões, existe a região europeia, existe a região da América Latina e existe já em lançamento a região de África e da Ásia. Em África e Ásia temos um, dois membros e algumas associações a tentarem dar os primeiros passos na sua associação à Uniapac, mas na Europa e na América Latina esta associação está de facto bastante desenvolvida e tem tido alguma intervenção. O presidente da associação da América Latina é o senhor José Alfonso Lozano e o presidente para a Europa sou eu próprio em nome da ACEGE. O secretário-geral desta organização, sediado em Bruxelas, é o senhor Benoit Benamy, que tem a trabalhar com ele uma secretária, portanto é uma estrutura bastante reduzida, que assim depende extraordinariamente das associações nacionais para fazer desenvolver os seus trabalhos. O que é que faz esta associação, portanto quais são os objectivos que ela tem? Em primeiro lugar é a representação do movimento junto de organizações internacionais, junto das Igrejas, junto de organizações políticas, junto de organizações económicas. A Uniapac é uma associação cristã, rege-se pelos princípios da Doutrina social da Igreja, mas é uma associação que está ligada às igrejas cristãs, portanto não está exclusivamente ligada à Igreja Católica e portanto na representação de organizações internacionais, de facto são ligações com as igrejas, não só com a Igreja católica, ainda que a Igreja católica tenha, claramente um peso muito significativo nesta organização. Tem como segundo objectivo a coordenação da rede de associações nacionais, tentando partilhar experiências entre estas várias associações nacionais, trocando informação e promovendo trabalhos conjuntos que muitas vezes são importantes para conseguir dar resultados que sejam de interesse para várias associações para as várias regiões. Em terceiro lugar tem como objectivo promover debates e editar documentação sobre temas que têm a ver com as suas áreas de preocupação. O que é que pretende ser mais a Uniapac? Pretende, em primeiro lugar ser parte activa na definição da Doutrina social da igreja, no que respeita a todos os temas que têm a ver com a actividade económica e para fazer isso, tem que esforçar-se por publicar opinião, e por criar cada vez mais um relacionamento forte e profundo com a Igreja. Ao dizermos que queremos ser parte activa na definição da Doutrina social da igreja, obviamente que nós não queremos ser autores da Doutrina social da igreja, queremos ser colaboradores nesse trabalho no sentido de disponibilizar os conhecimentos e, fundamentalmente, de dar a conhecer à Igreja a potencialidade dos empresários e das empresas na construção do mundo, na melhoria da situação no mundo. Em segundo lugar queremos, também, ser parte activa nos debates sobre a governação do mundo, queremos ser e estar presentes, ser questionados e ser ouvidos de cada vez que se debatem as questões relacionadas com a governação do mundo, queremos garantir e assegurar que queremos trazer as preocupações humanas em tudo o que defina a forma de viver das empresas. No fundo também queremos ter reconhecimento junto de organizações internacionais, como seja a ONU, a União Europeia a OIT, locais onde inclusivamente, começamos a ter representantes. Em terceiro lugar queremos ser parte activa no debate das teorias económicas, queremos promover os valores da Doutrina social da igreja nesse debate, nessas definições e isso podemos fazê-lo, por um lado convidando membros das nossas associações, que são pessoas de referência no mundo económico, para que possam falar, manifestar a sua opinião e colaborar connosco na divulgação dessa opinião, mas também tentando trazer os grandes nomes da economia mundial para debater connosco, nas reuniões que nós organizamos, os temas relacionados com a economia. Em relação à ligação entre a ACEGE e a Uniapac, considero que ela deve ser promovida e que é mesmo essencial a ambas organizações. Quando começámos a lançar a ACEGE, aqui há uns anos atrás, das primeiras questões que se nos levantou e a mim especialmente, porque vinha completamente desligado das matérias que a esta associação preocupam, começaram a surgir várias questões, uma delas foi – porque é que existimos? – Aonde queremos chegar? – Aonde chegamos? e ainda, como é que poderemos interessar as pessoas a participarem connosco no desenvolvimento desta associação? Tive, confesso, cerca de um a dois anos muito preocupado com esta questão e sem conseguir encontrar com facilidade respostas a esta matéria. Posso dizer-vos que considerei várias vezes a hipótese de desistir. Nessa altura, por coincidência, a Uniapac começou a chamar-nos e a envolver-nos em trabalhos para a preparação do Congresso que realizou em Roma e começou a desafiar-nos para conseguirmos dar alguma contribuição no debate das matérias que seriam aí trabalhadas. Com as necessidades que nos criaram, nós começamos a procurar junto de pessoas com alguma formação nessas matérias, pessoas com um nível relativamente superior no debate, na discussão e no pensamento destas matérias para nos ajudarem a poder formar a nossa opinião para podermos participar nestas reuniões. Acabamos por participar, por criar aqui alguma motivação, deu-nos de alguma forma alguns objectivos, nós conseguimos de facto colaborar nessa matéria e ao fim deste tempo de preparação do Congresso de Roma, quando voltamos a pensar na ACEGE, de repente, já tínhamos encontrado uma rede de contactos porque já os tínhamos estabelecido, rede de contactos com muito nível e interessados nos temas que a ACEGE ia debater, tínhamos encontrado associados participativos, e tínhamos criado, tínhamos enlencado as nossas preocupações, os nossos objectivos, no fundo, tínhamos encontrado a nossa razão de existir. No fundo a Uniapac acabou por servir muito como o mostrar do caminho para a ACEGE se relançar aqui em Portugal. Disse várias vezes ao Domingo Sugrannyes, que era o presidente na altura, disse-lhe muitas vezes que nós devíamos muito do trabalho a muitas pessoas, quer ao Dr. João Alberto que é claramente o motor desta associação, mas que devíamos muito à Uniapac o termos encontrado o nosso caminho e assim provou-se que a Uniapac pode ser a nível mundial, um grande motor de desenvolvimento de associações com este tipo de preocupações. Mas a Uniapac também precisa de nós, e nós temos também que entregar alguma coisa à Uniapac. A Uniapac só vive do apoio que as associações nacionais lhe podem dar, só vive da união, da força das várias associações nacionais e portanto torna-se neste momento essencial trazer a Uniapac junto dos associados das várias associações para lhes dar a conhecer que existe este movimento. Para lhes explicar quais são as vantagens que este movimento pode ter, porque claramente estamos a sentir, a nível da Uniapac, que há que trazer os associados e os membros mais perto do projecto internacional para que se ganhe, de facto, força e para que possamos ter uma presença maior no mundo, para que possamos conseguir criar uma Uniapac que seja importante para os nossos projectos, para o desenvolvimento de empresários cristãos, que sejam bandeira dos valores da Doutrina social da igreja no mundo empresarial. Assim, trouxe-vos a UNIAPAC para que a conheçam e que a possam patrocinar no seu desenvolvimento e continuidade. Bruno Bobone – ACEGE, coordenador geral do Congresso