Patriarca revela traços fundamentais de Bento XVI

Bento XVI é um homem “tímido, com uma inteligência cultivada, a delicadeza de um artista e a simplicidade de um homem do campo”, características apontadas por D. José Policarpo, esta manhã, num encontro à porta fechada com jornalistas, directores e comentadores da comunicação social, para assinalar o primeiro ano de pontificado do Papa Ratzinger. Convocado pelo Departamento de Comunicação do Patriarcado de Lisboa, este encontro serviu para fazer um balanço do primeiro ano de Bento XVI, a partir de uma vasta análise aos diversos comentários escritos e publicados na imprensa portuguesa, apresentados por José Luís Ramos Pinheiro, e de uma exposição do Pe. Henrique Noronha Galvão, docente da Universidade Católica, e intitulado de “íntimo de Ratzinger”. Segundo este sacerdote, durante este primeiro ano verificou-se a “descoberta do verdadeiro Ratzinger que a opinião pública tinha encoberto com clichés”, um Papa que tem vindo a apresentar, sobretudo, “sinais” do que pode vir a ser o seu pontificado. Bento XVI é o Papa que declarou, desde logo, “ter a missão e o dever de promover a causa do ecumenismo”, salientou o Pe. Henrique Noronha Galvão. Um tema que, revelou o Cardeal Patriarca de Lisboa, foi falado nos bastidores do Conclave, com especial acento nas relações da Igreja com Moscovo. Neste âmbito são conhecidos, ainda, os contactos informais que têm vindo a ser realizados entre a Santa Sé e a China, relações confirmadas recentemente pelo Arcebispo Giovanni Lajolo, o Secretário do Vaticano para as relações com os Estados. Sobre esta aproximação, afirmou D. José Policarpo, “preparam-se surpresas muito proximamente”. A bandeira do diálogo inter-religioso também é um tema querido por Bento XVI, e nessa perspectiva o diálogo com os Muçulmanos “preocupa-nos muito”, disse o Cardeal aos jornalistas convidados. No mundo muçulmano há uma divisão entre o sector dos que são dominados pela violência e os que são mais pacíficos, e é com esses, que “são a maior parte”, que é preciso “valorizar o diálogo”. “A Igreja pode ir fazendo e aprofundando o diálogo e as relações com esse sector”, frisou D. José Policarpo, referindo-se a um pedido de Bento XVI. No entanto, lembra o Patriarca, “ o passar a um diálogo substantivo é difícil, porque separam-nos mil anos de racionalidade”. Na opinião de D. José Policarpo “é urgente um alargamento da racionalidade”, porque essa é o caminho de compreensão da realidade. E no caso da China, comparou, “as pontes com a racionalidade cristã são mais fáceis de fazer do que com o Islamismo”. Sobre Bento XVI, muitos são, e foram, os aspectos apontados pelos diversos jornalistas e comentadores que têm acompanhado a missão do Papa desde o início do seu pontificado. Denotam-se pequenos sinais, características, pessoais ou não, de um Papa que tem manifestado interesse pelos mais desfavorecidos, preocupado com os problemas sociais, com os valores éticos na política e muito “crítico em relação às ideologias”, relevou o Pe. Noronha Galvão. Muitos destes sinais, “não são inovação em Ratzinger por se ter tornado Papa”, focou, “mas vêm na continuidade de toda a sua vida”.

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