Tricentenário do nascimento do bispo Frei Miguel de Bulhões de Sousa

Aradas de Aveiro comemoram Aradas e Aveiro irão justamente comemorar o tricentenário do nascimento de um insigne filho do lugar de Verdemilho – D. Frei Miguel de Bulhões e Sousa. De facto, com vista à celebração conveniente da efeméride e assim rememorar tão ilustre aveirense, foi constituída uma Comissão da qual fazem parte António Mário Neto (presidente da Junta de Freguesia), Padre Júlio da Rocha Rodrigues (pároco de Aradas), Dr. Amaro Ferreira Neves (investigador e historiador), Dr. Paulo Abreu (presidente do Conselho Directivo da Escola EB 2-3 de Aradas), David Martins e Dra. Maria da Luz Nolasco (presidente da ADERAV). Bispo dá nome a rua Para o próximo dia 30 de Abril, pelas 17.00 horas, está previsto um programa com diversas alíneas: – inauguração de uma lápide toponímica, num arruamento da zona das Glicínias; descerramento de uma placa evocativa na igreja matriz; e uma breve sessão, em que será apresentado o livro biográfico da autoria do Dr. Amaro Neves, sob o título “D. Frei Miguel de Bulhões e Sousa (1706-1779) – Emérito Bispo Aveirense – Governador do Grão-Pará e Maranhão”. No dia 7 de Maio, entre as 10.00 e as 13.00 horas, a cargo da ADERAV, efectuar-se-á uma visita guiada ao lugar de Verdemilho, com evocações dos séculos XVII, XVIII e XIX. Prevê-se que, mais tarde, se possa efectuar uma visita a Leiria, para, nesta cidade, perante o património construído que legou, se recordar a presença daquele que também foi seu distinto prelado. D. Frei Miguel de Bulhões e Sousa – no século, Miguel José Correia da Silva – nasceu em 13 de Abril de 1706, sendo filho de José Pereira Pacheco e de Maria da Encarnação e Gouveia. Jovem de dezasseis anos, entrou no Convento de S. Domingos, em Aveiro. Após um ano de noviciado, fez a profissão religiosa em 1723, sendo ordenado sacerdote em 1730. Mais tarde, veio a leccionar Filosofia e Teologia na mesma casa e foi membro da Academia Real da História. Na oratória sacra, atraía pela elegante e discreta frase que usava com naturalidade. Nomeado bispo de Malaca com 39 anos, foi ordenado em Lisboa, pelo cardeal D. Tomás de Almeida, em 1746; não chegou, porém, a ocupar este cargo, pois seria transferido, no ano seguinte, para o Bispado do Pará (Brasil), como coadjutor de D. Frei Guilherme de S. José. Em 1749, entrava na posse da Diocese, cujo titular havia resignado. Assim, compreende-se, o bispo recém ordenado não foi entronizado em Malaca — pela simples razão de que tal não era possível — e nem sequer navegou com rumo ao Oriente, a conhecer a diocese de que seria o titular. Como muito bem conclui David Paiva Martins, ao tempo, “Bispo de Malaca era um título meramente honorífico”. E estas considerações vêm também a propósito de uma referência, assaz curiosa, feita numa cartela “em clcário quadrilobado” e inserida no alto do portal da Quinta de Nossa Senhora das Dores, em Verdemilho (freguesia de Aradas), que relata sumariamente o seguinte: NESTA QUINTA VIERAO PASSAR CADA HU(M) O SEU DIA DE JUNHO P(AR)A SE DIVERTIREM OS EX(CELENTISSI)MOS SENHORES BISPOS DE COIMBRA E DO GRAO PARÁ NO ANO DE 1747. Em 1751, transformou em seminário um colégio fundado, seis anos atrás, pelo Padre Gabriel Malagrida e dirigido pelos jesuítas, que, enquanto lhes foi permitido, aí continuaram no seu trabalho benfazejo de evangelização e educação. De acordo com o bispo do Maranhão, rectificou o limite entre as duas Dioceses pelo rio Gurupi. Também, de 1752 a 1756, acumulou as funções de governador do Grão-Pará e Maranhão. Do Maranhão para Leiria Em 1759, na altura da perseguição aos sacerdotes jesuítas e sua expulsão pelas leis do Marquês de Pombal, renunciou à própria Diocese e embarcou para a Europa, até com alguma esperança de ficar com o governo eclesiástico de Leiria, que estava para vagar. Antes, porém, ainda executou o decreto da emancipação dos índios nas Províncias do Pará e do Maranhão. Efectivamente, chegado ao Continente, seria nomeado e apresentado para bispo de Leiria por el-rei D. José I, sendo confirmado em 1761 pelo papa Clemente XIII. Decorridos dezoito anos, precisamente em 1779, acabaria por falecer na freguesia das Cortes; os restos mortais foram trasladados para a catedral em 1969. Nesta última Diocese, ainda perdura a fama da sua piedade, bondade, ilustração e zelo; escreveu e publicou diversas cartas pastorais, além de outros trabalhos; continuou a frontaria da sé e mandou fazer-lhe diversos anexos; na base do monte do castelo, levantou a torre sineira; construiu a formosa escadaria da capela de Nossa Senhora da Encarnação. Várias pedras armoriadas com o respectivo brasão episcopal, na cidade de Leiria, marcam o seu governo eclesiástico e a sua passagem bem vincada em actividade na Diocese.

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