Geminação das Dioceses de Leiria-Fátima e Novo Redondo (Angola)

Um projecto missionário de inter-ajuda A geminação das dioceses de Leiria-Fátima e Novo Redondo (Angola), oficializada no passado dia 25 de Março, foi tornada pública esta tarde, no Santuário de Fátima, na presença de D. Serafim Ferreira e Silva e do bispo angolano D. Benedito Roberto. Aproveitando a vinda de D. Benedito Roberto a Portugal, este acto simbólico vivido em clima de alegria e fraternidade pretendeu ser “não um protocolo ou um contrato”, nas palavras de D. Serafim, mas sobretudo a face visível de um intercâmbio, de “uma partilha que dá prioridade à vida humana”. A geminação “é um acto simbólico mas que quer ser efectivo”, dando continuidade à ligação afectiva e efectiva destas duas dioceses, existente há mais de uma década. Para o Bispo de Novo Redondo a geminação é o resultado de “uma caminhada bem feita, de um projecto que, desde o início, soube que ia dar certo”. Em termos práticos, no seguimento desta geminação uma equipa da Diocese de Leiria-Fátima, composta por dois sacerdotes e três leigas, parte em Agosto para o Sumbe, mais precisamente para a Missão do Gungo, para trabalho missionário e social nesta região martirizada pela guerra. Esta ajuda efectiva a prestar por toda a Diocese de Leiria-Fátima tem em vista o apoio ao auto-desenvolvimento das populações e não tanto ao apoio para subsistência, segundo explicou o director diocesano em Leiria-Fátima das Obras Missionárias Pontifícias e coordenador do projecto ASA – Acção Solidária com Angola, P. Vítor Mira. Para apoio aos missionários que em Agosto seguem para Angola foi criado o “Grupo dos Mil e Tal Amigos”, para o qual todos os diocesanos de Leiria-Fátima são convidados a aderir, com oferta mensal de 1 euro. No sentido contrário, a geminação prevê a vinda de sacerdotes, religiosas e leigos para a Diocese de Leiria-Fátima “para partilha de experiências de fé e eclesiais e para formação”. Está também contemplada a possibilidade de esta geminação contribuir para a aproximação e colaboração entre os povos de Portugal e de Angola em termos culturais, sociais, ou a outros níveis. “Que Nossa Senhora tenha este projecto na Sua mão” Para D. Benedito o facto de a apresentação pública desta geminação ser feita no Santuário de Nossa Senhora de Fátima representa já de si uma graça de Deus. “Foi providencial (a geminação) realizar-se aqui em Fátima, quero e estou a contar com a protecção de Maria, sempre fui muito devoto de Nossa Senhora. (…) Senti sempre a presença de Deus neste projecto”, disse D. Benedito acrescentando “Que Nossa Senhora tenha este projecto na Sua mão”. “Sinto-me feliz por estarmos neste ambiente. Este acto representa um reforço para a nossa pastoral, deveria ter a presença, se possível fosse, de todos os diocesanos (de Novo Redondo), muito particularmente dos cristãos do Gungo”. Nas palavras finais, D. Benedito Roberto lançou um convite aos diocesanos de Leiria-Fátima “Venham visitar-nos!” “(À chegada) Não vos contristeis. A Diocese é muito nova, tem 35 anos, nasceu na guerra, cresceu na guerra e está agora a crescer, agora respiramos a paz. Podereis ser recebidos numa palhota, mas sereis bem recebidos”, frisou o prelado. O acto de geminação tornado hoje público em Fátima vem na sequência de uma caminhada feita ao longo dos últimos anos entre as duas dioceses. Tornada ontem pública a nomeação de um novo bispo da Diocese de Leiria Fátima, D. Serafim assegurou nesta cerimónia que o projecto “vai ter continuidade com D. António Marto”, o novo bispo titular. Entre 1993 e 1996 trabalhou na diocese de Novo Redondo (Angola) um padre “fidei donum” da diocese de Leiria-Fátima. Em 1999 foi criado do Grupo Missionário Diocesano de Leiria-Fátima que viria a receber mais tarde o nome “Ondjoyetu” (A Nossa Casa), como consequência da ligação à diocese de Novo Redondo que entretanto se foi realizando. No ano 2000 foi realizada a primeira edição do Projecto ASA – Acção Solidária com Angola, com a duração de dois meses. Desde então, todos os anos, a diocese de Leiria-Fátima enviou àquele país africano grupos de voluntários missionários leigos por períodos de dois meses. Até este momento foram a Angola integradas neste projecto 25 pessoas diferentes. Até 2003 a acção dos voluntários foi realizada nos arredores da cidade do Sumbe, sede da diocese de Novo Redondo, e na Gabela, em colaboração directa com os missionários que lá trabalham. A partir do ano já referido o trabalho começou a ser desenvolvido na missão do Gungo, um comuna do interior que tem cerca de 2.100 km2 e onde habitam cerca de 30.000 pessoas. É uma comunidade muito pobre e isolada à qual o grupo missionário tem dado o seu apoio. O texto de geminação foi apresentado aos órgãos representativos das duas dioceses e por eles aceites. Os dois bispos diocesanos aprovaram esse texto com a já referida data, mas só agora tornam pública oficialmente a decisão pois pretendia-se fazê-lo na presença dos dois prelados.

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