Covid-19: Braga projeta ação pastoral para um «tempo novo»

Igreja «laical e sinodal» com prioridade para a «consolação, cura e partilha de bem» são linhas de força indicadas pelo Conselho presbiteral da Arquidiocese

Foto: Lusa

Braga, 21 mai 2020 (Ecclesia) – O Conselho Presbiteral da Arquidiocese de Braga considera que da pandemia Covid-19 emerge um “tempo novo” que desafia a Igreja a ser “marcadamente laical e sinodal”, “hospital de campanha” e “em saída”.

“Reconhecemos o quanto a pandemia do Covid-19 nos tem desinstalado, não só reinventando formas de presença, mas sobretudo a encontrar pessoas e situações fora dos nossos habituais percursos eclesiais. Sabemos bem que não se trata apenas de transferir ‘o que sempre fizemos’ para novos meios que as possibilidades técnicas nos oferecem, mas de sabermos habitar, tanto o ‘continente digital’ como todos os contextos humanos e existenciais que exigem linguagens e formação que precisamos de aprofundar”, indica um comunicado do Conselho Presbiteral de Braga publicado na página da internet da diocese.

A experiência de uma “Igreja laical e sinodal” fez-se evidenciar na “Igreja doméstica” e mostrou a necessidade de “alimentar e celebrar a fé nos lugares do quotidiano”, nas casas de cada um e onde os “múltiplos laços de proximidade e vizinhança”, acontecem.

“Vislumbramos aqui um caminho para o futuro do nosso agir pastoral. Acreditamos na força da família e, a partir dela, renovaremos a Igreja”, indicam, na certeza da aposta de “acompanhar e formar” cristãos “que na família, nos compromissos pessoais e profissionais, na economia, na política, na cultura e na comunidade eclesial assumem por inteiro a sua responsabilidade na construção do Reino”.

O conselho dá conta da aposta na realização do trabalho de “consolação, cura, perdão e partilha de bens”, desenvolvido já pela “Cáritas, as Conferências Vicentinas, as IPSS, o Fundo Partilhar com Esperança”, “conjugados com outros organismos e a indispensável parte que ao Estado compete no cuidado de todos os cidadãos”.

A pandemia provocou uma “crise profunda com muitas consequências sociais, económicas e culturais” e importa “continuar a traduzir o Evangelho em gestos”, bem como “mobilizar e recriar formas organizadas de partilha e socorro”.

“Não ignoramos que muitas comunidades e instituições eclesiais se têm visto privadas das suas fontes de sustentabilidade económica e que partilhamos com muitíssimas famílias a necessidade de repensar e reinventar a gestão dos recursos necessários para o nosso sustento”, afirma.

Os padres de Braga afirmam que a compreensão deste tempo e as suas consequências, “não está ainda ao alcance”, também porque se desconhece a permanência das medidas de confinamento, no entanto os desafios provocados pelo Covid-19 vão trazer “a graça para interpretar o futuro”.

“Fora dos nossos hábitos construiremos uma nova humanidade onde a justiça e a dignidade para todos se tornarão a nossa primeira preocupação”, sublinha o comunicado.

O conselho presbiteral deixa ainda uma palavra de “agradecimento e reconhecimento” pela “imensa generosidade e ousadia de tantas pessoas que, tanto no exercício das suas profissões e cargos de responsabilidade pública, social e eclesial como em imensas iniciativas de voluntariado”, colocam a sua vida ao “serviço do bem-comum, no cuidado uns dos outros”.

LS

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