Necessidade de mudança e de contar com todos, para evitar regresso a erros do passado, são pontos em comum
Cidade do Vaticano, 15 mai 2020 (Ecclesia) – O economista Muhammad Yunus, Nobel da Paz de 2006, deu hoje uma aula em videoconferência na Universidade Pontifícia Lateranense, com transmissão pelos canais do Vaticano, sobre o pós-pandemia, defendendo uma mudança de rumo.
“É o momento certo para criar um novo mundo”, defendeu o responsável, para quem é necessário que as lideranças globais assumam esse desafio.
A intervenção foi partilhada com uma comunidade académica presente em 40 países, abordando as consequências da Covid-19 na economia global.
Muhammad Yunus era uma presença confirmada para o evento “Economia de Francisco”, que iria decorrer em março, na cidade italiana de Assis, por iniciativa do Papa – agora adiado paraos dias 19, 20 e 21 de novembro deste ano.
O ‘pai’ do microcrédito falou da necessidade de novos modelos de economia social, menos centrados na “concentração de riqueza” e no sistema financeiro, que não visem apenas o lucro – dando como exemplo a indústria farmacêutica, particularmente importante durante a pandemia.
Para o convidado, “sem consciência social” ou “consciência ambiental” não é possível fazer negócios.
Yunus convidou a valorizar o potencial criativo das novas gerações, permitindo que todos possam empreender e não apenas trabalhar para outros, se o desejarem.
O futuro, acrescentou, para por “interromper” o modelo económico atual e construir um sistema em que “ninguém seja excluído”, com “novos caminhos”, para seguir novas direções, afastando o investimento em “combustíveis fósseis”.
“Não podemos voltar atrás”, insistiu.
O Vaticano lançou ainda um livro com oito intervenções do Papa Francisco durante o confinamento social, intitulado “A vida depois da pandemia”.
A obra é apresentada como “uma mensagem” do Papa à humanidade, para “construir um mundo melhor”.
Francisco fala às pessoas em necessidade e sofrimento, destacando que este vírus “ameaça todos” e que o mundo pós-Covid-19 deve contar, igualmente, “com o contributo de todos”.
Uma das intervenções do livro, de momento publicado em italiano, é a homilia da celebração extraordinária de oração de 27 de março, numa Praça de São Pedro deserta, na qual o pontífice afirmou que “só juntos” será possível superar esta crise.
“Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos, todos”, referiu.
OC