Mensagem pascal: Vida ou Morte?

D. António Vitalino, Bispo de Beja A história do homem sobre a terra parece um duelo constante entre a vida e a morte, em que esta parece sair vencedora, de acordo com o ditado de que vence quem prevalece. Mas terá a morte a última palavra na história do planeta terra? Todos os dias nos confrontamos com este desafio e para muitos a derrota parece ter sido adiada, mas não indefinidamente. Para alguns é uma consolação o facto de que o indivíduo morre, mas tem continuidade na espécie. No entanto no velho continente europeu até mesmo a espécie humana parece condenada a desaparecer, pois a natalidade está a diminuir, o que só começou a preocupar os governos por causa do factor económico, pelo facto de a população activa não ser suficiente para suportar os encargos fiscais, sobretudo os da segurança social. Isto não acontece apenas a nível biológico, mas também noutras dimensões da vida humana, como é a sociabilidade, o interesse pelo bem comum, o amor ao próximo, a esperança, a fé em Deus… E fico-me por aqui, pois a lista para nos ajudar a tomar consciência dos nossos males e do mundo poderia ir crescendo. Até muitas vezes, quando nos queixamos de algumas situações, sobretudo os mais velhos acerca dos mais novos, exclamamos: na minha juventude isto não acontecia, esta gente está mal habituada. Esquecemo-nos que somos nós, os mais velhos, os culpados de não darmos testemunho dos outros valores, pois fomos nós que os deixamos morrer na nossa vida, na nossa família, nos nossos critérios de vida e de educação. Então, será a morte que prevalece e terá a última palavra na evolução da vida? Apesar da seriedade dos sinais de morte, os cristãos celebram a Páscoa, a festa da passagem da morte para a vida, o acontecimento da paixão, morte e ressurreição de Jesus de Nazaré, que viveu fazendo o bem, cumprindo fielmente a vontade de Deus de salvar a sua criatura, que pareceu não aceitar essa oferta de salvação, dando a morte a quem tanto amava. Mas essa morte sofrida por amor teve a resposta do poder e do amor de Deus, que se mostrou mais forte que a morte, ressuscitando Jesus e dando-nos a possibilidade do perdão, da conversão e da participação na sua vida gloriosa. Por isso celebramos a Páscoa e cantamos com alegria: Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? … Sejam dadas graças a Deus que nos dá a vitória por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo. (1 Co 15, 55-57) Embora haja por aí muitos sinais de morte, não nos deixemos acabrunhar. Acolhamos a oferta do perdão, reconciliemo-nos com Deus e uns com os outros e vivamos o presente com a certeza de que somos chamados para a vida. Com esta alegria e esperança, que brotam da Ressurreição de Jesus, desejo a todos os diocesanos felizes festas de Páscoa.

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