Bento XVI explica traição de Judas

Bento XVI explicou esta tarde a “traição” de Judas, considerando que nela se detecta a recusa do “projecto salvífico” de Deus, em Jesus Cristo. Falando na Missa “in Coena Domini” de Quinta-feira Santa, na Basílica de São João de Latraão, o Papa explicou a passagem do Evangelho de João em que Jesus diz: “Vós estais limpos, mas não todos”. Segundo o Papa, esta passagem aponta para “o obscuro mistério da recusa, que com a experiência de Judas se torna presente e que, na Quinta-feira Santa, dia em que o Senhor faz dom de si mesmo, nos deve fazer reflectir”. “O amor do Senhor não tem limites, mas o homem pode colocar-lhe um limite”, apontou. Para Bento XVI, aquilo que torna o homem “imundo” é a recusa do amor, “não querer ser amado e não amar”. “A soberba de quem crê não ter necessidade de nenhuma purificação fecha-o à bondade salvadora de Deus. Esta soberba não quer confessar nem reconhecer que temos necessidade de purificação”, referiu. Assim, prosseguiu o Papa, “em Judas vemos a natureza desta recusa ainda mais claramente”. “Ele (Judas) julga Jesus segundo as categorias do poder e do sucesso: para ele, só o poder e o sucesso são realidade, o amor não conta. E ele é avarento: o dinheiro é mais importante do que a comunhão com Jesus, mais importante do que Deus e o seu amor”, precisou. Bento XVI considera que Judas acaba por fazer “jogo duplo, rompendo com a verdade” e perdendo o sentido da “verdade suprema”, de Deus. “Desta maneira, ele (Judas) endurece-se, torna-se incapaz da conversão, do confiante regresso do filho pródigo, e fica com a vida destruída”, concluiu. Lava-pés O Papa presidiu à concelebração eucarística e fez o lava-pés a 12 homens. Durante o rito, os presentes foram convidados a cumprir um acto de caridade para apoiar o projecto de reconstrução de casas para as vítimas das enxurradas no território da Diocese de Maasin, nas Filipinas. Explicando este gesto de solidariedade, a partir da passagem evangélica do lava-pés, Bento XVI disse que a dimensão mais profunda está em “perdoar-nos sempre uns aos outros”, aceitando “ser apoiados pelos outros”. O Papa disse ainda que Deus não é um ser longínquo, “demasiado distante para ocupar-se com as nossas ninharias”, explicando que, por ser grande, Deus “pode interessar-se também pelas nossas pequenas coisas”.

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