Que o Ressuscitado passe pelas famílias

Mensagem de Páscoa do Arcebispo de Braga Percorremos o tempo quaresmal seguindo as pegadas de Cristo e, por sugestão do Santo Padre, Bento XVI, fixamo-nos: “…Jesus olhando as multidões teve compaixão delas” ( Mt. 9, 36). Como Igreja, inserida no mundo, apercebemo-nos de realidades confrangedoras no aspecto moral e social. A nossa referência, como causa e solução destes dramas, foi a família. Daí emergem sombras preocupantes e daí podem sair luzes renovadoras. Ter “compaixão” não quis significar sobranceria ou autoritarismo. Moveu-nos a fidelidade à nossa vocação e só quisemos consciencializar-nos, como cristãos e cidadãos, da importância do Amor que gostaríamos de dignificar para que, por Ele, resplandeça a força de Deus Omnipotente que continua apaixonado pelo mundo. Somos oriundos do Amor de Deus e, como Seus mensageiros, percorremos as sendas de quem se realiza e cresce em experiências de Amor-Apape, ou seja, de auto-entrega para que o mundo não fale de família mas seja família e, quais círculos concêntricos, envolva a humanidade em gestos de verdadeira fraternidade. Nesta Páscoa quero olhar para as famílias da Diocese e pedir-lhes que se apaixonem pela vocação do ideal do matrimónio cristão. Que, para isso, deixem entrar Cristo ressuscitado, o único capaz de “dar ordem” a determinados pormenores para que a beleza da comunhão, do amor e da vida aí resplandeça. Deixo que o meu coração se compadeça das famílias em dificuldades. Sei que o seu presente é sombrio e temo por um futuro mais dramático. Que todos sintam o amor das nossas comunidades paroquiais e que nunca percam a coragem de lutar. Estou a ver pessoas sozinhas porque abandonadas pelos maridos ou esposas, pelos filhos ou familiares. Que Cristo Ressuscitado permaneça com elas qual companheiro de viagem numa presença amiga, certa e constante. Olho a vida, nascida ou por nascer, e apercebo-me de tantas ameaças e golpes à dignidade humana. São carências escandalosas e quantias avultadas gastas em processos de destruição fruto duma mentalidade dominada pela ausência de valores, relativismo, facilitismo, inconsciência ou insensibilidade humana. Nesta Páscoa formulo, só e apenas, uma prece humilde: que o Ressuscitado nos dê força e coragem para propor a vida familiar como vocação e que muitos se deixem tocar pela Sua força para gritar Aleluia, Ressuscitou, vive e viverá no coração das famílias para um futuro com esperança. Que a Páscoa aconteça no coração de todos e, particularmente, daqueles e daquelas que não estão a experimentar a vida no seu sentido integral e no ambiente que lhe é adequada: a família. + Jorge Ferreira da Costa Ortiga, Arcebispo Primaz

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