Catequese e sistemas educativos

45º Encontro Nacional de Catequese «Ao contrário do que se pensa, todos os pais têm capacidade para educar os seus próprios filhos e não devem delegar nas outras instituições aquilo que lhes compete fazer». Foi desta forma que o professor João Duque se referiu ontem à importância dos progenitores na formação dos mais novos, afirmando que «a própria natureza concedeu essa percepção aos pais». Na conferência inaugural do 45.º Encontro Nacional de Catequese, que está a decorrer no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese de Braga, o docente da Universidade Católica Portuguesa lamentou que muitos pais se deixem manietar por pretensos «traumas» que possam afectar os filhos – «tantas vezes divulgados por alguma comunicação social ou alguns especialistas » – ou adoptem uma postura passiva em relação à sua formação. Fazendo uma “leitura pastoral da cultura actual”, o teólogo destacou não só a importância da relação familiar como núcleo e modelo educacional e catequético, mas também a clarificação dos diversos elementos do conteúdo cristão. «Quando dizemos que somos cristãos, porque acreditamos que, em Jesus Cristo, Deus se revela e nos salva, teremos de dizer também quais são as respectivas consequências dessa crença… Existem perspectivas sociais e pessoais que não se coadunam com o conteúdo cristão», explicou João Duque, que exemplificou com uma a atracção que as tradições religiosas asiáticas ou um certo esoterismo exercem nos mais jovens. «Isto exige a realização de um grande esclarecimento, ou seja, é necessário traçar um paralelo entre determinadas convicções veiculadas por essas formas de ver o mundo e o conteúdo da fé cristã. Não são formas personalistas, mesmo que aparentem o contrário», disse o conferencista. Por outro lado, «a adesão pessoal a Jesus Cristo não se dá fora da adesão às pessoas da sua própria comunidade. A fé cristã concretiza- se nas relações interpessoais “reais”, e não virtuais, isto é: com pessoas de carne e osso, presentes num contexto particular, tal como a paróquia». Para João Duque, urge trabalhar pastoralmente estes aspectos, «porque estamos a corresponder a algo fundamental no cristianismo – o núcleo do crescimento da fé é a família – e a responder ao desaparecimento das relações familiares fundamentais, um dos problemas da cultura contemporânea. Infelizmente, relegamos todas as responsabilidades para a escola e eliminamos relações humanas fundamentais ». Sistema educativo “contamina” catequese Por sua vez, o conferencista seguinte defendeu que «a catequese actual está contaminada pelo sistema educativo» e que «é necessário conferir à formação catequética a dimensão da iniciação cristã». “Transmissão da fé e nova evangelização” foi o tema abordado pelo padre João Ribeiro, que sustentou que «a catequese não deveria esclarecer apenas os conteúdos cristãos, mas também ajudar a professar e a viver a própria fé». O sacerdote acabou por fazer uma análise ao modelo tradicional da comunicação da fé, contrapondo-o com as exigências da nova evangelização. Segundo o padre João Ribeiro, o novo contexto sócio-cultural; a crise das vias de transmissão da fé e da própria acção catequética; e as debilidades na dedicação e atenção dos responsáveis da catequese, podem e devem motivar, pelo contrário, a implementação do projecto de uma nova catequese em contexto de nova evangelização. O Encontro Nacional, que reúne cerca de 70 participantes, prossegue hoje, desde as 9h30, com a conferência “Transmissão da fé e 1.º anúncio”, pelo padre Rui Alberto Almeida. A partir das 11h00 realiza-se a mesa redonda “Despertar religioso”, constituída pelo padre Luís Miguel Rodrigues, professora Maria Sameiro Cruz e Irmã Maria José Sousa. O Arcebispo Primaz preside, às 18h00, na Sé Catedral, à celebração eucarística.

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