Papa reuniu chefes da Cúria Romana

Bento XVI encontrou-se esta manhã com os chefes de todos os Dicastérios da Cúria Romana. A sala de imprensa da Santa Sé, que dá conta do encontro, não avança com mais dados sobre o mesmo. Notícias recentes dão conta de que o tema de discussão estaria relacionado com a aprovação do uso universal do Missal de São Pio V, que a Igreja Católica usava até 1962 e que foi substituído pela liturgia do Novus Ordo” (Novo Ordinário) aprovada como resultado da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. O Missal de São Pio V, com a Missa celebrada em latim segundo a antiga tradição, só utilizado actualmente com permissão do Bispo local. A aprovação universal significaria que a Missa do antigo rito poderá ser celebrada livremente em todo mundo pelos sacerdotes que assim o desejarem. Esta medida não estaria directamente relacionada com o problema do cisma lefebvrista, pois como teólogo, o Papa sempre expressou o seu interesse em recuperar esta liturgia. No entanto, este poderia ser um passo importante para resolver o cisma, pois a possibilidade de celebrar livremente a Missa de São Pio V é um dos pontos de tensão com os lefebvristas. Por ocasião do primeiro Consistório do pontificado, Bento XVI confirmou perante os Cardeais de todo o mundo a sua preocupação pela reconciliação com os seguidores de Monsenhor Lefebvre, a Fraternidade São Pio X, fundada pelo Arcebispo francês. O Papa poderia levantar a excomunhão de João Paulo II, datada de 1988, contra os Bispos da Fraternidade. Em Julho, a Sociedade de São Pio X –lefebvristas– vai escolher um novo superior. O grupo cismático decidirá a sua escolha entre a linha aberta à reconciliação do actual superior Bernard Fellay e a linha cerradamente anti-vaticano de Richard Williamson, outro dos quatro bispos consagrados por Marcel Lefebvre e, consequentemente, excomungados. O Bispo Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade, foi recebido por Bento XVI no dia 29 de Agosto de 2005, num encontro marcado pelo “desejo de chegar à perfeita comunhão”, segundo comunicado oficial da Santa Sé. Fellay e outros três Bispos foram excomungados a 2 de Julho de 1988, por terem sido ordenados “ilegitimamente” no seio da Fraternidade, por parte do Arcebispo Lefebvre. A carta apostólica “Ecclesia Dei”, de João Paulo II, constatou que esta ordenação de Bispos (a 30 de Junho de 1988) constituiu “um acto cismático”. Os contactos têm sido conduzidos pelo Cardeal Darío Castrillón Hoyos, presidente da Comissão Pontifícia “Ecclesia Dei”, criada na sequência dos factos acima relatados. Esta Comissão tem como objectivo “facilitar a plena comunhão eclesial” dos fiéis ligados à Fraternidade fundada por Monsenhor Lefebvre, “conservando as suas tradições espirituais e litúrgicas”, em especial o uso do Missal Romano segundo a edição típica de 1962 – a Missa Tridentina. Já enquanto Cardeal, Joseph Ratzinger tinha conseguido assinar um protocolo, a 5 de Maio de 1988, com o Arcebispo Lefebvre. Agora, um projecto de novo acordo instituiria para a Fraternidade uma “administração apostólica”, dependente directamente do Papa. Cúria Romana A Cúria Romana, na sua actual organização, provém de 1988, a partir da constituição Apostólica Pastor Bonus (28.06.1988) promulgada por João Paulo II. “A Cúria Romana, por meio da qual o Sumo Pontífice costuma dar execução aos assuntos da Igreja universal, e que desempenha o seu múnus em nome e por autoridade do mesmo para o bem e serviço das Igrejas, consta da Secretaria de Estado ou Papal, do Conselho para os negócios públicos da Igreja, das Congregações, dos Tribunais, e de outros organismos, cuja constituição e competência são determinadas por lei peculiar”, refere o Cânone 360 do Código de Direito Canónico.

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