O passado e o presente, para o futuro de Aljustrel

Jornadas nos 90 anos das Aparições de Fátima Evocando a primeira aparição do Anjo e pretendendo chamar a atenção para a importância espiritual, histórica e ambiental dos lugares de Aljustrel e Valinhos, o Santuário leva a feito, de 28 a 30 de Abril, no Centro Pastoral Paulo VI, as jornadas nacionais sob o tema “Aljustrel e Valinhos, o outro pulmão do Santuário de Fátima”. Até ontem, dia 6 de Abril, tinham procedido à inscrição para participação neste encontro 116 pessoas. “As Jornadas referidas procuram ser um espaço de partilha de preocupações e apresentação de projectos que visam a protecção e valorização dos Valinhos e Aljustrel. O itinerário temático parte da história daqueles locais (Memórias do Evento), reflecte sobre a sua importância (O significado dos lugares) para, de seguida, abordar as linhas de força das intervenções do Santuário (Olhares e perspectivas) e terminar com o perguntar-se pelo seu futuro: o que podemos e devemos fazer para que eles possam cumprir cada vez melhor a sua missão (A construção do futuro)”, refere o P. Armindo Janeiro, coordenador do programa celebrativo dos 90 anos das Aparições de Fátima. A convite da Sala de Imprensa do Santuário de Fátima, o sacerdote Rui Marto, natural da Freguesia de Fátima, colaborador na Paróquia de Fátima e presidente na Diocese de Leiria-Fátima da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), analisa a pertinência da temática proposta à reflexão. O outro pulmão de Fátima «“Aljustrel e Valinhos, o outro pulmão do Santuário de Fátima” – Está carregado de simbolismo este título. Para os espíritos distantes da fé, ou para os pneumatologistas e afins, talvez não. Cuidar dos órgãos vitais da respiração é tarefa sempre oportuna e necessária. Existindo uma atenção redobrada em fazer com que os níveis de colesterol não excedam os limites fixados, para o coração não ser atacado, aos poucos, por males irremediáveis, está a perceber-se que reside nos pulmões uma força incalculável de vida. Do seu bom funcionamento, do ar que lhe damos, dos cuidados com que os presenteamos, depende em grande parte a nossa saúde, o nosso bem-estar, a nossa alegria de vida. Anda por aí tanta gente na estrada, ao anoitecer, de madrugada, a tentar cuidar do coração! Sem se aperceberem estão a cuidar dos seus pulmões. Chamar a Aljustrel e Valinhos o outro pulmão do Santuário de Fátima foi uma ideia feliz. Não só se justifica, mas de há muito que se sente a necessidade de reflectir, institucionalmente, sobre estes espaços de contemplação e de presença palpável do Céu. Nos últimos anos temos observado que mão de artista avisado cuida dos Valinhos e Aljustrel. Trataram-se os caminhos, replantaram-se árvores mantendo a flora destes locais. Há mais beleza nestes lugares. Dá-me sempre muita vontade de pegar em mim e ir a Aljustrel, aos Valinhos, à Loca do Cabeço, ao Calvário, para encher os olhos de luz, de verde, percorrer a pé estes caminhos, e deixar-me invadir pela serenidade e pela paz que ali se respira. Este precioso bem não é, infelizmente, percebido, quando grupos numerosos e ruidosos aparecem, dando a impressão de carros de guerra, tudo devastando à passagem. Nos dias de grandes visitas, o tal aconchego e serenidade parecem ausentar-se dos Valinhos e de Aljustrel. Eu gostaria tanto que cada visitante se apercebesse da paz que ali se pode respirar! A bem curto prazo de tempo, a escolha de visita será em pequenos grupos, em família e não grandes enchentes. Este desejo íntimo de diálogo com o eterno vai querer dessedentar-se e jovens, famílias, pequenos grupos, pessoas individualmente, ocuparão mais espaços, procurarão mais espaços em Aljustrel e Valinhos, espaços ainda mais recônditos, onde o ruído, a insegurança, a angústia cedam lugar à tranquilidade, à paz. Numa grande entrevista à Televisão, Soljenitsin afirmava, para surpresa do entrevistador, que as grandes revoluções nunca transformaram nada. Estou consciente de que, por mais brilhantes e inovadoras que sejam as exposições dos conferencistas, não vamos mudar nada. Por agora! Graças a Deus! Sim, com o tempo! A Comunidade de Aljustrel, sobretudo, a da Casa Velha e Moimento, da Paróquia de Fátima, sente-se feliz, a respirar da presença do Espírito de Deus nestes locais da Mensagem. Quantos homens e mulheres da nossa Paróquia por ali passam ou ali vão rezar, meditar, encontrar rumo certo na vida! Desejam que se continue a preservar esses espaços, para se afirmarem, para saberem andar com os pés na terra, para viverem a esperança do futuro. Realizar agora estas jornadas de reflexão, precisamente nos 90 anos das aparições, é uma oportunidade para a geração fatimense do início do novo milénio manifestar a sua confiança em Deus e na sua grande misericórdia. A Comunidade de Fátima quer passar aos seus vindouros o testemunho da fé na misericórdia de Deus, que daqui escolheu 3 das suas crianças para viverem a alegria de serem filhos de Deus e decididamente se aprontaram a fazer tudo o que a Senhora lhes pediu».

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