Portugal/África: Faleceu D. Manuel Vieira Pinto, arcebispo emérito de Nampula

Bispo do Porto preside às exéquias esta sexta-feira, às 12h00, na Igreja de Cedofeita

Porto, 30 abr 2020 (Ecclesia) – Faleceu esta quinta-feira na Casa Sacerdotal da Diocese do Porto D. Manuel Vieira Pinto, arcebispo emérito de Nampula (Moçambique), aos 96 anos de idade.

O funeral do arcebispo emérito de Nampula vai ser presidido por D. Manuel Linda, esta sexta-feira, às 12h00, na Igreja de Cedofeita, disse à Agência Ecclesia a Diocese do Porto.

Natural de Amarante, D. Manuel Vieira Pinto foi nomeado bispo de Nampula em 1967 e na reorganização eclesiástica de Moçambique, com a criação de novas dioceses e com a elevação das dioceses da Beira e de Nampula a arquidioceses, foi nomeado arcebispo de Nampula, a 4 de junho de 1984.

O prelado português resignou a 18 de janeiro de 1998, permanecendo na arquidiocese moçambicana até à sua jubilação no ano 2000, regressando então a Portugal (16 de novembro).

D. Manuel da Silva Vieira Pinto nasceu a 9 de dezembro de 1923, em Aboim, Amarante, na Diocese do Porto; foi ordenado presbítero na catedral da sua diocese por D. Agostinho de Jesus e Sousa, a 7 de agosto de 1949, tendo sido coadjutor da paróquia de Campanhã e assistente de vários organismos da Ação Católica;

Em 1955 foi nomeado Diretor Espiritual do Seminário Diocesano de Nossa Senhora do Rosário de Vilar, e foi o responsável nacional do Movimento do Mundo Melhor, depois de “algum tempo em Roma, ao longo do ano de 1960”, para conhecer o movimento apostólico.

O padre Vitor Feytor Pinto acompanhou D. Manuel Vieira Pinto em Roma, durante as últimas sessões do Concílio Vaticano II, e com ele trabalhou a “anunciar o Concilio”.

Com ele trabalhei, depois, seis anos, a anunciar o Concilio. Na altura consegui ir para Roma, aprofundar a minha fé, valorizar a minha conceção teológica. Toda a Teologia do Concílio era para mim uma extraordinária revolução e uma verdadeira revelação de Deus e de Jesus Cristo. Por isso fui apaixonado pelo Concílio e o Concílio moldou a minha vida e formou o meu sacerdócio”, recorda o padre Vitor Feytor Pinto em declarações à Agência ECCLESIA.

O Papa Paulo VI chamou-o ao episcopado a 27 de abril de 1967 para ser bispo de Nampula e foi ordenado a 29 de junho do mesmo ano na igreja da Trindade, pelo núncio apostólico em Portugal, D. Maximiliano Furstemberg.

Em 2017, o então bispo do Porto D. António Francisco dos Santos publicou uma nota pastoral de “jubilo e gratidão” pelos 50 anos de ordenação episcopal de D. Manuel Vieira Pinto, destacando a “vida cheia de encanto e de doação a Deus e à Igreja para que o Mundo seja Melhor” do arcebispo português.

“D. Manuel Vieira Pinto esteve sempre do lado das pessoas, da sua dignidade, dos seus valores mais genuínos e da sua luta pela liberdade, pela democracia e pela paz em terra de gentes de bem que têm direito a ser felizes”, afirmou na ocasião D. António Francisco dos Santos.

Nesse ano, o missionário padre José Luzia publicou um livro sobre D. Manuel Vieira Pinto com o título “O visionário de Nampula”, destacando o contributo do arcebispo português para o dinamismo e renovação da Igreja Católica em Moçambique, nomeadamente na transição para a independência, onde se preocupava com a “defesa do povo e não da defesa de Deus”.

Entrevistado no programa Ecclesia, o padre José Luzia, que trabalhou desde os 22 anos com o arcebispo de Nampula, recorda os “silenciamentos” e a “expulsão” de D. Manuel Vieira Pinto de Moçambique, em 1974, por levantar a voz contra a guerra colonial, a opressão e o sofrimento do povo moçambicano.

Em 1992, o então presidente da República Mário Soares condecorou D. Manuel Vieira Pinto com a Ordem da Liberdade, por ocasião dos 25 anos da ordenação episcopal do bispo de Nampula.

PR

 

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Agência ECCLESIA

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